Companhias estrangeiras devem ter destaque na 11ª rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que será realizada amanhã e na quarta-feira no Rio de Janeiro. Na opinião do ex-diretor geral da agência David Zylbersztajn, a Petrobras que ficou com os maiores e melhores campos em rodadas anteriores está com problemas de caixa e seu desempenho dependerá da formação de parcerias que lhe ajudem na parte financeira.
A avaliação é compartilhada por outros especialistas ouvidos pela reportagem, que pediram para que seus nomes não fossem divulgados. Eles acreditam que outras petroleiras brasileiras de capital aberto a OGX, de Eike Batista, e a HRT, que anunciou ontem uma troca de comando deverão adotar a mesma estratégia, por estarem com problemas semelhantes aos da estatal. Adquirir novos blocos agora, dizem, seria uma forma de aumentar despesas em um momento de "balanços apertados".
Com isso, o espaço fica aberto para empresas de fora. São 64 companhias habilitadas para o leilão, de 20 países, além do Brasil. Dezessete empresas são estreantes no país, três delas sediadas em paraísos fiscais: a Chariot Oil & Limited, de Guernsey (ilha do Canal da Mancha que depende da Coroa Britânica, mas que não faz parte do Reino Unido); a Geo-Park Holding Limited e a Kosmos Energy, ambas das Bermudas.
Empresas de Tailândia, Malásia, Panamá, Colômbia, Canadá, além de companhias de França, Itália, Reino Unido e Japão também estão no time das novatas, do qual fazem parte ainda duas brasileiras. São a Ouro Preto Petróleo e Gás S.A, de Rodolfo Landim (ex-EBX e ex-Petrobras), e uma subsidiária nacional do grupo canadense Sabre.
Geologia
As áreas ofertadas na 11ª Rodada são muito atraentes, como os 170 blocos localizados na Margem Equatorial (do Rio Grande do Norte ao Amapá). A região tem a geologia semelhante à da costa africana, onde têm ocorrido descobertas de petróleo. Além disso, desperta interesse a proximidade de alguns blocos da Guiana Francesa, onde também vem ocorrendo descobertas recentes.
Segundo dados da ANP, a expectativa de reservas nos blocos ofertados é de 9,1 bilhões de barris, dos quais 7,5 bilhões na Margem Equatorial. Os lances mínimos de oferta pelas empresas variam de R$ 36 mil, em blocos terrestres na Bacia de Sergipe-Alagoas, a R$ 9,9 milhões, em blocos no mar na Bacia da Foz do Amazonas.
Captação
Estatal arrecada US$ 11 bilhões em títulos no exterior
Com necessidade de caixa para cumprir seu ambicioso plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2017, a Petrobras fechou ontem a quinta maior captação de empresas da história, obtendo US$ 11 bilhões em bônus internacionais títulos de retorno fixo para o investidor.
A operação, a de mais alto valor feita por uma companhia de país emergente, foi em seis partes, com vencimentos entre 3 e 30 anos.
O lançamento dos papéis foi coordenado por sete grandes bancos no mercado internacional, incluindo os brasileiros Banco do Brasil e Itaú.
A Petrobras pagou nos títulos de três anos taxa de até 1,75% ao ano, acima da remuneração de títulos do Tesouro norte-americano de mesmo prazo. Para os papéis de 30 anos, a taxa ficou em 2,65%, além do custo de captação do Tesouro dos EUA.
Controvérsia
Sindicatos prometem protestos contra licitação de novas áreas
Movimentos sociais e sindicatos contrários aos leilões de novas áreas de exploração de petróleo prometem realizar protestos em frente ao hotel no Rio de Janeiro onde será realizada a rodada hoje e amanhã. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne sindicatos de trabalhadores de empresas petrolíferas, e grupos de estudantes de trabalhadores rurais afirmam que os recursos naturais do país não deveriam ser leiloados para empresas privadas, segundo nota divulgada ontem. "É a contrariedade do povo, que é o verdadeiro dono da riqueza", disse o coordenador-geral da FUP, João Antônio de Moraes. Ainda ontem, um grupo de manifestantes se concentrou no Ministério de Minas e Energia, em Brasília. A FUP disse que ingressou com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal de Curitiba pedindo a suspensão do leilão.
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