Os investidores estrangeiros ainda estão pessimistas em relação ao Brasil em meio às recentes medidas anunciadas pelo governo que, embora beneficiem a economia local, prejudicam as empresas, na avaliação de Guilherme da Nóbrega, economista do Itaú BBA. O economista acaba de retornar de uma rodada de conversas com investidores europeus. Nóbrega citou as mudanças nos preços do setor de energia, a preocupação em relação ao setor de infraestrutura com possíveis alterações nos pedágios, que impactam as concessionárias de rodovias, as punições para empresas de telefonia, além da pressão sobre os bancos para ofertarem mais crédito a um juro menor como os fatores que estariam pesando.
"Ninguém vai fazer uma grande aposta no Brasil agora. Há muitas incertezas em relação aos setores-chave da bolsa. Quando o País voltar a crescer e os efeitos das medidas permanecerem, o cenário deve se normalizar", analisou ele, durante workshop para jornalistas, organizado pelo Centro de Estudos em Finanças (GVCef) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), em parceria com a BBDTVM - área de fundos do Banco do Brasil.
Segundo Nóbrega, o ponto positivo do cenário atual é o esforço do governo em contribuir para a competitividade e produtividade da economia brasileira, com uma agenda mais voltada para as empresas. No entanto, Nóbrega lembrou que protecionismo é ruim. "O Brasil deveria estar mais focado em inflação baixa. É bom mudar, mas protecionismo é ruim. As mudanças ainda estão confusas e acontecendo aos trancos e barrancos", observou o especialista.
Sobre o setor bancário, ele explicou que a agenda do governo com este segmento é "muito melhor do que parece",apesar da pressão para os bancos baixarem juros e os spreads e ofertarem mais crédito. Para 2013, Nóbrega vê uma atuação menor dos bancos públicos com a retomada da economia brasileira. Este ano, segundo ele, a oferta de crédito via bancos públicos, sem o BNDES, está crescendo no patamar de 30% neste ano enquanto via instituições privadas a expansão está em torno de 10%.
"Os bancos públicos estão sendo usados como engrenagem de política econômica. Com a economia crescendo em um ritmo mais forte, os bancos públicos poderão tirar o pé do acelerador", avaliou Nóbrega. De acordo com ele, isso vai ocorrer não por um possível aumento da inadimplência, mas pela atividade mais forte da economia brasileira.
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