Estrangeiros tiraram R$ 1,35 bilhões da Bovespa em 2011

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As incertezas com relação à economia global fizeram os investidores estrangeiros ficarem cautelosos também com os mercados emergentes e a Bovespa não escapou do movimento. A bolsa brasileira encerrou 2011 com um déficit de R$ 1,352 bilhão em capital externo, invertendo o desempenho positivo nos dois anos anteriores. Em 2010, os estrangeiros deixaram na bolsa paulista R$ 5,958 bilhões; em 2009, o mercado acionário registrou superávit de R$ 20,5 bilhões. O pior período dos últimos anos foi em 2008 – pico da crise financeira deflagrada pelos EUA –, quando o capital externo teve déficit de R$ 24,6 bilhões.

Sem clareza sobre os desdobramentos da crise fiscal europeia, os efeitos da dificuldade econômica nos Estados Unidos, dúvidas frequentes sobre a qualidade do crescimento chinês e catástrofes nos Japão, os estrangeiros preferiram se abrigar em ativos mais seguros. Analistas explicam que, com os grandes fundos internacionais preferindo realizar aportes em ativos de menor risco, em vez de aplicar em ações de países emergentes, houve uma redução da liquidez na Bovespa, o que resultou na queda do índice.

Em dezembro, do dia 1.º ao dia 29, os estrangeiros retiraram R$ 2,421 bilhões da bolsa brasileira. Foi o pior mês desde janeiro de 2010, quando o saldo de capital estrangeiro ficou negativo em R$ 2,099 bilhões. Profissionais observam que o último mês de 2011 refletiu tudo o que aconteceu ao longo de um ano em que o Ibovespa contrariou as primeiras previsões e foi perdendo fluxo em meio às preocupações mundo afora.

Apesar do desempenho ruim no último mês, os estrangeiros foram os que mais movimentaram recursos na Boves­pa. A participação deles na ponta compradora foi de 19,07%, enquanto que na venda eles responderam por fatia de 20%. Os investidores institucionais tiveram participação de 16,17% e 16,03% respectivamente, seguidos por pessoas físicas (8,87% e 9,12%), instituições financeiras (4,52% e 4,28%) e empresas privadas e públicas (1,36% e 0,56%).

"Podemos dizer que o mês de dezembro foi, de certa forma, um reflexo do que ocorreu ao longo do ano. Começamos com uma expectativa positiva, ainda que cientes dos receios macroeconômicos. No entanto, ao longo do mês a falta de convicção no cenário externo pesou e vimos o Ibovespa, sem força, encerrar próximo da estabilidade e romper com a estatística amplamente favorável dos últimos 12 anos, nos quais o Ibovespa havia apresentado elevação no mês de dezembro", destaca relatório da XP Investimentos.