O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira que cada país vai ter uma estratégia de saída diferente para os estímulos monetário e fiscal, já que as políticas adotadas não são as mesmas.
A expectativa de que os bancos centrais começarão a retirar a política de incentivos mais cedo que o esperado aumentaram na semana passada, depois que a Austrália surpreendeu investidores com um aumento no juro básico, tornando-se o primeiro país desenvolvido a fazê-lo.
No caso brasileiro, Meirelles lembrou que o BC mira as expectativas de inflação, que "continuam abaixo do centro da meta para 2010".
"Acho que é muito arriscado para as pessoas dizerem que, se um país está fazendo algo, outros precisam seguir", disse a jornalistas em Nova York, após uma apresentação organizada pela The Economist.
Por exemplo, nesta sexta-feira, o banco central do México afirmou que a política monetária futura dependerá do crescimento da economia e de um plano fiscal em debate no Congresso, depois que a instituição deixou o juro básico inalterado em 4,5 por cento, conforme esperado.
Fluxo de dólar
Meirelles se recusou a comentar "rumores" de que o governo está considerando impor novamente um imposto sobre os fluxos de dólar ao país, que fizeram a moeda dos EUA recuar cerca de 26 por cento neste ano.
Ele repetiu, porém, que a maior parte das entradas estão se direcionando para o mercado de ações, e não para ativos ligados a renda fixa.
No passado, o governo impôs o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos em títulos domésticos para reduzir operações de arbitragem, nas quais investidores pegam emprestados recursos a baixos juros e investem em ativos de maior rentabilidade.
Questionado sobre as preocupações do mercado de que o Brasil não alcance suas metas fiscais no próximo ano, Meirelles disse que o crescimento da atividade econômica deve resultar em receitas maiores para o governo.
"Historicamente, vemos uma correlação mais forte entre receitas e recuperação da economia do que na expectativa dos mercados."