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Telecomunicações

Estrela entre as teles, GVT entra na berlinda

Homem segura pedra enquanto corre da polícia | REUTERS/Siphiwe Sibeko
Homem segura pedra enquanto corre da polícia (Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)

A empresa de telefonia GVT, com sede em Curitiba, vive uma situação inusitada. Considerada uma das estrelas do setor de telecomunicações no país, a companhia dobrou de tamanho desde 2009, exibe um crescimento médio de 31% no número de clientes desde então e está investindo R$ 2,5 bilhões em 2012 – montante que deve ser replicado nos próximos cinco anos. Mas, desde que foi colocada à venda pela controladora francesa Vivendi há quase um mês, o clima na companhia é de incerteza. A empresa corre o risco de ter de reduzir o ritmo de expansão e colocar os projetos na geladeria.

A Vivendi, que comprou a GVT por R$ 7,7 bilhões há três anos, resolveu colocar ativos à venda, entre eles, a GVT, para fazer caixa e reduzir seus passivos. O conglomerado francês, que é dono ainda da Universal Music, da empresa de jogos Activision Blizzard, do Canal Group e da Maroc Telecom, tem uma dívida de R$ 30 bilhões.

Para o grupo Vivendi, a empresa é uma joia da coroa. A GVT tornou-se uma gigante do setor no Brasil, com faturamento estimado de R$ 4,6 bilhões em 2012. Nos últimos dois anos dobrou o número de funcionários, para 16 mil – a maioria no Paraná. Além de exibir um crescimento invejável, não depende financeiramente da sua controladora.

A notícia da venda pegou a empresa no contrapé do seu plano de expansão. Em 2012, a companhia adicionou 15 novas cidades à área de cobertura chegando a 135. O objetivo é atingir a marca de 200 cidades até 2016. Em janeiro entrou no mercado de tevê por assinatura e já responde por aproximadamente 12% das vendas no país. Segundo informações de mercado, a intenção da Vivendi seria colocar a empresa à venda por no mínimo US$ 10 bilhões.

Procurada, a GVT informou que não comentaria o assunto. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Paraná (Sinttel), Pedro Vitor Dias da Rosa, a venda poderia impactar os 9,5 mil empregos gerados no estado. "Isso é péssimo. Se a empresa for vendida para uma empresa que atua aqui no Brasil será uma tragédia, porque a tendência histórica é de redução de postos de trabalho. A GVT pode se transformar em uma empresa de fundo de quintal", afirma.

Aquisições e fusões de empresas que atuam em uma mesma área geralmente trazem sinergias e a tendência de redução de quadros em áreas onde há duplicação de funções. "Em 1998, a Telepar, antes da privatização, tinha 6 mil funcionários. Hoje, como Oi, a empresa não tem mais que 500", compara Rosa. Segundo ele, se a GVT for mesmo vendida, o sindicato vai buscar algum apoio do governo para evitar demissões.

Complicadores

A Vivendi teria interesse em oferecer a GVT para empresas como Telefónica, Tim, Oi e América Móvil – dona da Claro, Net e Embratel. Analistas alertam, porém, que o cenário não é favorável para a venda. A Telecom Itália, que controla a TIM e está em dificuldades financeiras, já teria descartado a possibilidade de comprar a GVT.

"A Oi está reforçando a área de serviços e poderia ter que enfrentar, em caso de aquisição, algum tipo de restrição por concentração de mercado pelo Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]", diz Renato Pasquini, analista da consultoria Frost & Sullivan.

E a Telefónica, que controla a Vivo e já tentou comprar a GVT, vive outro momento: está vendendo ativos para diminuir sua dívida. "A América Móvil, por sua vez, que teria caixa para adquirir a GVT, teria de avaliar até que ponto valeria a pena soprepor operações com a da Net, por exemplo", diz Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada no setor.

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