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Mercado financeiro

Estresse da Previdência fez dólar subir e Bolsa permanecer estável em março

 | Fernanda CarvalhoFotos Públicas
(Foto: Fernanda CarvalhoFotos Públicas)

O dólar termina o mês em alta ao redor de 4%, um reflexo do impacto que a incerteza com o andamento da reforma da Previdência ainda poderá causar sobre os investimentos também nos próximos meses. A Bolsa, que chegou aos 100 mil pontos, termina março praticamente no zero a zero.

 "O mercado teve uma baita de uma turbulência e depois aparentemente os caras lá se acertaram. A leitura que se faz é que agora a reforma pode tramitar um pouco mais em paz", diz Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, em referência à crise política causada por divergências entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Sergio Moro (ministro da Justiça), Paulo Guedes (Economia) e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). 

 Nesta semana, foi escolhido o relator da reforma da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que poderá ser votada no dia 14 de abril. 

 O tema colocaria o andamento da reforma em um ritmo mais parecido com as expectativas de mercado, que conta com a aprovação das novas regras para aposentadoria no segundo semestre deste ano.  “A forte queda de quarta-feira (27) serviu para facilitar a aprovação da reforma da Previdência. Ela mostrou que a não aprovação levaria ao caos financeiro, mobilizando os participantes [governo Bolsonaro e Congresso]. Agora, a chance de passar aumenta", diz Carlos de Freitas, economista-chefe da Ativa Investimentos 

 Estrangeiros voltam a entrar na Bolsa

O Ibovespa, principal índice acionário do país, terminou o último pregão de março com alta de 1,09%, a 95.414 pontos. O giro financeiro, de R$ 15,3 bilhões, ficou abaixo da média diária do ano, que é de R$ 16,8 bilhões. 

E mesmo com a turbulência externa, investidores estrangeiros voltaram a aplicar dinheiro na Bolsa local, deixando o saldo do ano positivo em R$ 2,1 bilhões (até 27 de março). Em 2018, foram retirados R$ 11,5 bilhões do mercado doméstico. 

No mês, a Bolsa fechou com queda de 0,18%, praticamente estável, mas 5% abaixo da máxima histórica de 100 mil pontos, atingida na semana passada. 

 "A tendência primária é de alta. Mas houve um problema político complicado, então acho que daqui para frente vai continuar tendo volatilidade", acrescenta Bandeira. 

 Os economistas minimizaram o risco de uma nova paralisação dos caminhoneiros, que se mobilizam contra o aumento nos preços dos combustíveis. "A Petrobras já deu respostas quanto à alta do diesel [Cartão Caminhoneiro e reajuste quinzenal]. Fora que uma nova paralisação não pegaria todos de surpresa, como da primeira vez. Os efeitos não seriam tão negativos, pois o mercado já sabe como reagir", afirma Freitas. 

 Mercado externo em acomodação

No exterior, os mercados também entraram em fase de acomodação à medida que investidores reforçam suas apostas no fim da guerra comercial entre Estados Unidos e China. A pauta é considerada crucial para mitigar riscos de desaceleração mais aprofundada da economia global. Na próxima semana, haverá um novo encontro entre os dois países. 

 A incerteza global, ao lado da crise política, teve impacto também sobre o dólar, que termina o mês acima dos R$ 3,90. A valorização acumulada pela moeda foi de 4,34%, a R$ 3,9170. 

 A baixa do real ante o dólar só perdeu para o peso argentino e para a lira turca, indicando que o cenário externo pesou sobre os emergentes de uma forma geral. Daqui para frente, porém, a expectativa é que o clima arrefeça.

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