Paranaenses acompanham movimento de baixas
As empresas paranaenses com ações na Bovespa não passaram incólumes ao pessimismo do mercado. Os principais papéis negociados registram queda de 10% a 16% nos seus preços. A Positivo Informática acumula queda de 15,25% apenas nessa semana no ano, a ação da empresa já se desvalorizou em 81,61%. Segundo analistas, esse cenário deve forçar a companhia a lançar um novo programa de recompra de ações no mercado.
"O volume ofertado pela Positivo até agora (a empresa lançou um lote de recompra de 600 mil ações, em maio) é considerado insuficiente para elevar a cotação", diz Luiz Augusto Pacheco, analista da corretora Omar Camargo. Segundo ele, outros fatores já vêm influenciando a queda dos valores dos papéis, como a guerra fiscal promovida pelo governo de São Paulo, o aumento dos custos, que vêm pressionando as margens, e a possibilidade de a empresa diversificar mercados, como a entrada no setor de celulares.
Outra empresa que teve as perdas potencializadas foi a GVT, que já perdeu 16,68% na semana no ano, foram 22,85%. O principal motivo seria o anúncio de aumento de capital em 59,6 mil ações. "Esse tipo de iniciativa sempre tem um efeito negativo, já que o investidor terá o lucro diluído", explica Pacheco. (CR)
O estresse do mercado financeiro vem provocando estragos generalizados nas principais ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nos últimos dias. Empresas como Petrobras, Vale, Usiminas e Lojas Americanas acumulam perdas de até 22% na semana e, ao que tudo indica, a volatilidade deve se manter nos próximos dias.
Os rumores sobre a quebra de mais instituições financeiras nos Estados Unidos devem alimentar o pessimismo dos mercados, segundo analistas. Ontem os boatos se concentraram na seguradora American International Group Inc (AIG), que deverá precisar de um pacote de recursos maior do que os US$ 85 bilhões oferecidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
"O mercado atingiu um nível emocional máximo", diz Ricardo Binelli, diretor da Petra Corretora. Segundo ele, os investidores estão avessos ao risco e não têm poupado praticamente nenhum setor. "As empresas brasileiras vão bem, estão bem estruturadas e com bons resultados, mas a crise internacional está afetando o valor dos seus papéis. Muitas estão com papéis muito abaixo do seu real valor de mercado", diz Ricardo Binelli, diretor da Petra Corretora.
A fuga dos mercados acionários tem se concentrado nos aplicadores estrangeiros, mas alguns investidores brasileiros têm sido contaminados pela expectativa negativa e acompanhado a onda.
O setor bancário é um dos mais afetados, embora os bancos daqui não tenham grande vínculo com os problemas das instituições financeiras nos Estados Unidos. O Bradesco acumula, somente nessa semana, perdas de 11,70%. Estão em baixa também as ações do Itaú (-10,42%) e Banco do Brasil (-11,36%). Já o Unibanco que tem participação na AIG no país registra um recuo de 12,45% nos valores dos seus papéis.
O mercado avalia que, para esse setor, o custo e captação deve ficar mais caro, o que vai comprometer as margens das instituições. Com a redução das linhas externas, os bancos vão se voltar para o mercado interno, pressionando os custos de captação no Brasil.
Empresas vinculadas à produção de commodities como Petrobras, Vale e Usiminas também têm registrado uma forte oscilação nos papéis. A Petrobras, por exemplo, fechou o pregão de ontem com sua ação PN negociada a R$ 29,80, com perdas de 31% no mês. Em maio, a ação da empresa chegou a valer R$ 53. Para o sócio-diretor da XP Investimentos, Rossano Oltramari, o mercado está em "fluxo de venda", mas aos poucos deve recuperar os fundamentos, ou seja, os investidores vão olhar para o desempenho das empresas e seus mercados.
Sangue frio
Com preços em baixa, o momento é bom para quem quer comprar ações, mas os analistas afirmam que é preciso ter "sangue frio", porque ninguém sabe ainda se os efeitos da crise na queda das ações estão perto do limite. "É comprar bem e não olhar o preço da ação no dia seguinte no jornal. Não adianta querer obter um retorno rápido", diz Binelli, da Petra.
Segundo ele, a saída de investidores do mercado embora generalizada até agora deve se concentrar em empresas novatas na Bovespa ou que têm pouca liquidez. "O impacto para essas companhias será maior", afirma. Para quem for investir, ele recomenda papéis de empresas com histórico de valorização e de bons resultados e compras "picadas" entre várias companhias para reduzir riscos.
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