O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não aumentou substancialmente o investimento em infraestrutura no Brasil em relação ao crescimento da economia. Segundo estudo apresentado nesta segunda-feira (18) pelo economista Claudio Frischtak, da InterB Consultoria, em seminário sobre infraestrutura na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, o Brasil investiu apenas o equivalente a 2,53% do PIB em 2010, considerado o auge dos projetos do PAC.

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Segundo o trabalho, naquele ano o investimento total em infraestrutura somou R$ 93 bilhões, ainda muito abaixo do que seria necessário para impulsionar o crescimento da economia. Para o economista, apesar de todo o esforço do governo para fazer deslanchar o pacote de obras do PAC, o programa provocou uma elevação muito reduzida no investimento em infraestrutura como proporção do PIB, já que a média da última década foi de 2 32%.

Na ponta do lápis, o PAC proporcionou uma elevação de menos de 0 5% do PIB na fatia da riqueza direcionada para a infraestrutura. Em 2007, esse investimento foi de R$ 54,5 bilhões, equivalente a 2,05% do PIB. Em 2010, mesmo com várias obras do PAC em andamento, essa taxa ficou em 2,53%. Na média entre 2008 e 2010, essa proporção foi de 2,62% do PIB.

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"O que espanta é que depois de todo o esforço do governo com o PAC, os investimentos subiram 0,5% e pararam aí, não há sinal de que isso vai continuar crescendo", observou Frischtak.

Para o economista, um dos principais problemas que o governo deveria atacar é a baixa participação do setor privado nos investimentos de infraestrutura. Da expansão de 0,48 ponto porcentual na taxa de investimento em infraestrutura em relação ao PIB, apenas 0,07% veio da iniciativa privada. O restante foi resultado dos investimentos do governo e de estatais, mostrou Frischtak no estudo. Para o economista, o ideal seria o Brasil investir 6% do PIB por ano em infraestrutura, sendo 4 pontos porcentuais vindos do setor privado.

"Se mantivermos 4% a 6% do PIB de investimentos em infraestrutura por 20 anos, nós chegaríamos onde hoje a Coreia do Sul está", observou Frischtak.

Estimativas da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) apresentadas no seminário pelo economista Armando Castelar (Ibre/FGV) dão conta de que o País precisa de R$ 161 bilhões por ano para eliminar gargalos. Nas estimativas de Castelar, há no Brasil um hiato de 3% do PIB em relação à média do investimento em infraestrutura na última década. Para ele, a falta de um ambiente regulatório favorável e uma estratégia clara do governo sobre o tema afastam investidores.

"A percepção que tenho é de que, na área de infraestrutura, falta estratégia. O vai e vem no caso dos aeroportos, por exemplo, mostra que estamos longe de uma solução sistêmica para a infraestrutura. Tudo é decidido caso a caso", criticou Castelar.

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