Depois de uma edição movimentada no ano passado, em meio à crise econômica mundial, o Fórum Econômico Mundial começa nesta terça-feira (26) em Davos, na Suíça, sem parte do brilho das 39 edições anteriores. Enfrentando problemas "em casa", líderes de grandes economias não devem comparecer ao evento.
"Sem dúvida alguma o Fórum está esvaziado", afirma Ruy Quintans, professor do Ibmec-RJ. "Está cada um olhando para o seu próprio umbigo. Quando você tem problemas dentro da sua casa, não se dispõe a discutir problemas de ordem mundial".
A esperada ausência dos chefes de estado dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, e Japão, pode abrir mais espaço para o presidente brasileiro. Lula vai receber, na Suíça, o prêmio de "Estadista Global" que, segundo a organização do Fórum, tem o objetivo de destacar um líder político que tenha usado o mandato para melhorar a situação do mundo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também participará do Fórum, onde fará uma palestra sobre o futuro do país, ao lado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Além dos brasileiros, devem comparecer ao encontro, segundo os organizadores, mais de 30 presidentes e primeiros-ministros, incluindo os presidentes da França, Nicolas Sarkozy; Lee Myung-Bak, da Coreia do Sul; e Jacob Zuma, da África do Sul; e os primeiros-ministros do Canadá, Stephen Harper; e Luis Rodriguez Zapatero, da Espanha.
Rescaldo da crise
Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, a retomada econômica no pós-crise deve dominar as discussões do Fórum. "O que deve dominar são os temas ainda pendentes relacionados à crise, principalmente a regulação do sistema financeiro que não está resolvida, os rescaldos da crise, a economia mundial que ainda não se normalizou, é um tema que vai dominar", diz o economista e ex-ministro do Planejamento Raul Velloso.
A questão ambiental também deve concentrar atenção, segundo Quintans: "Não obstante a grande falha que houve em Copenhague, acho que a participação da economia sustentável na economia mundial é absolutamente inexorável", diz ele.
Mas, sem a presença da maioria dos líderes do G7, a expectativa é de que o encontro termine sem nenhum avanço efetivo. "Não pode haver nenhum avanço na discussão sem a presença dos grandes", aponta Quintans.
"Acabou se transformando mais em um fórum de discussão aberta, você não tem conclusões, nem pautas definidas. Em termos de encaminhamento efetivo, está muito distante", diz Otto Nogami, professor do Insper.
"Vai ser uma reunião cuja pauta vai estar voltada para o passado: vão refletir sobre a crise do sistema bancário, as não está na pauta nada sobre como gerir, como produzir, um novo padrão produtivo e financeiro", diz Evaldo Alves, da Fundação Getulio Vargas (FGV).