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COMBUSTÍVEIS

Etanol ainda não compensa

Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas | Reprodução
Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas (Foto: Reprodução)

A forte queda no consumo de etanol já se reflete nos preços. Mas o custo do produto ainda não caiu o bastante para restabelecer sua competitividade em relação à gasolina, que ainda é a opção mais econômica para os carros flex. A última vez em que valeu a pena encher o tanque com álcool em Curitiba foi em junho de 2011, 15 meses atrás.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desde o início do mês o litro do etanol tem sido vendido por R$ 1,83, em média, na capital paranaense. Esse valor, o mais baixo do ano, é 6,5% inferior ao cobrado no mesmo período de 2011 – de maio a agosto, os preços médios do álcool estiveram sempre mais altos que os praticados no mesmo período do ano passado.

Ocorre que, como os preços da gasolina também diminuíram significativamente, o derivado do petróleo segue mais competitivo. O combustível está custando em torno de R$ 2,51 por litro em Curitiba, com deflação de 5% em 12 meses. Parte dessa redução se deve ao barateamento do álcool anidro, que compõe 20% da gasolina vendida nos postos.

A comparação entre os dois produtos concorrentes indica que o álcool está custando 73% do preço da gasolina. Com o tempo, convencionou-se que, sempre que essa conta superar a marca de 70%, vale a pena usar o combustível fóssil. Para boa parte dos carros, no entanto, o limite é ainda mais baixo. Considerando-se o consumo de 92 automóveis testados pelo Inmetro, o motor flex, quando movido a etanol, rende em média 68% do que rende quando usa gasolina – portanto, na relação de preços, só quando estiver abaixo dessa marca o derivado da cana será de fato a melhor opção.

Bastante evidente desde o início de 2011, o desequilíbrio dos preços dos combustíveis tem reduzido a demanda por etanol. No Paraná, por exemplo, o consumo está em queda pelo segundo ano seguido. De janeiro a julho, as distribuidoras venderam 389 milhões de litros do produto no estado, 26% menos que no mesmo período de 2011, segundo a ANP. No ano passado, as vendas já haviam despencado 40% em relação a 2010.

Reportagem da Gazeta do Povo do último domingo mostrou que, além de ser afetado pela queda na produção das usinas, o mercado do etanol sofre com a concorrência "desleal" da gasolina, que vem sendo subsidiada. Embora o consumo do combustível fóssil já supere a produção nacional, o que força a Petrobras a importar volumes crescentes, a estatal é obrigada pelo governo a manter os preços "congelados" na refinaria.

Mais açúcar

Com o mercado ruim para o álcool, a rentabilidade dos usineiros tem sido garantida pelo açúcar. Por isso, não é de estranhar que a proporção desse produto no "mix" das usinas tenha aumentado. De toda a cana moída entre o início de abril e a metade de setembro, 49,5% foi destinada à produção do alimento, ante 48,1% em igual intervalo do ano passado. Ao mesmo tempo, a fatia destinada ao álcool recuou de 51,9% para 50,5%, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

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