A produção industrial de etanol de celulose a um custo competitivo em relação à gasolina, vista por muitos como o Santo Graal da produção de biocombustíveis, pode demorar apenas mais dois anos, disseram pesquisadores na segunda-feira.
"No laboratório, não há mais obstáculos dos quais falar. Alcançamos soluções viáveis para os principais problemas da produção de etanol de celulose", disse Elba Bom, coordenadora de bioetanol do Ministério de Ciência e Tecnologia, que destinou 7 milhões de reais para financiar o projeto.
"A questão agora é colocar essas soluções nos modelos industriais mais eficientes."
Uma usina-piloto pode ser construída em cerca de dois anos, período em que os custos de produção para o etanol extraído da celulose que sobra da cana de açúcar provavelmente terão caído ainda mais, segundo ela.
A tecnologia de celulose foi o tema de um dos seminários mais concorridos do encontro Ethanol Summit, realizado segunda e terça-feira em São Paulo, atraindo mais de 200 empresários, políticos, cientistas e jornalistas, vindo de lugares tão distantes como a Ásia. Havia cinco seminários simultâneos.
O desenvolvimento de formas viáveis para produzir etanol de celulose pode afastar parte da pressão que esse setor exerce sobre o preço de alimentos como o milho, que é a matéria-prima do etanol produzido nos EUA.
Mas nem todo etanol de celulose é igual.
"Não há uma (única) tecnologia de celulose, porque não há uma só matéria-prima. Alguns países, como os Estados Unidos, vão usar capim ou aparas de madeira, enquanto o Brasil deve usar bagaço e palha do processamento da cana", disse Bom.
Helena Chum, assessora do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA, ligado ao Departamento de Energia, disse que o custo da produção do etanol de celulose nos Estados Unidos deve continuar caindo rapidamente.
"Afinal, até 2012 ou 2016, deve cair para cerca de um dólar por galão, quando a produção deve atingir 20 bilhões de galões", disse Chum.
Os EUA ultrapassaram em 2006 o Brasil como maior produtor mundial de etanol, e ambos agora respondem por cerca de 70 por cento da produção mundial do biocombustível.
"Os elevados custos do petróleo estão certamente ajudando a reduzir o custo da produção industrial de bioetanol mais rapidamente", disse Chum.
"E a produção de etanol de celulose em uma escala industrial terá um ótimo benefício na redução das emissões de gases do efeito estufa."