Abastecer carro flex com gasolina em Curitiba está ligeiramente mais vantajoso do que com álcool, segundo levantamento informal feito pela Gazeta do Povo em 26 postos da capital. O custo médio do litro de etanol (de R$ 1,81, segundo a pesquisa) equivale a 70,7% do valor da gasolina para valer a pena, essa relação tem de ser igual ou menor a 70%. Dos estabelecimentos consultados, em apenas 11 o derivado de cana continua mais vantajoso.
A alta do preço nas usinas produtoras, em plena época de safra, é apontada como a razão da perda de competitividade do álcool nos postos. De acordo com associações de produtores de cana-de-açúcar, a colheita está se mostrando menos produtiva do que o esperado, o que interfere na expectativa do produtor e acaba por elevar os preços.
Repasse
O levantamento semanal feito pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) com postos de todo o país mostra um recuo nos preços dos dois combustíveis em Curitiba nas últimas quatro semanas até a sexta-feira passada. A pesquisa informal feita ontem pela Gazeta, no entanto, encontrou preços mais altos, o que pode indicar que os postos já começaram a repassar o aumento promovido pelas usinas aos consumidores. O valor da gasolina, por outro lado, caiu na comparação entre os levantamentos da ANP e da reportagem.
A proximidade do feriado também seria um fator de influência sobre o preço do etanol, mas o presidente do Sindicombustíveis-PR (representante dos postos), Roberto Fregonese, descarta a relação. "O preço do álcool estabelecido pelos produtores está subindo há um mês. [A alta nos postos] não tem nada a ver com a véspera do feriado", garante, ao comentar o preço do etanol.
A pesquisa semanal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) mostra que o preço do álcool nas usinas de São Paulo, usado como referência no resto do país, teve um aumento de 18% entre 13 de maio e 17 de junho, saltando de R$ 0,968 o litro para R$ 1,1496.
Oferta
Outra explicação para o aumento do álcool nos últimos dias seria a acomodação entre oferta e demanda do etanol. Os brasileiros passaram boa parte do ano, até maio, abastecendo o carro com gasolina, devido à escassez de álcool no mercado. Nos último mês, o etanol voltou a ser mais vatanjoso, atraindo novamente o consumidor. Agora, o mercado pode estar ajustando os preços para equilibrar oferta e demanda.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o preço dos combustíveis nos postos está bem maior em 2011. De acordo com a ANP, em junho de 2010 o litro da gasolina custava R$ 2,34, em média, em Curitiba. Agora, custa R$ 2,61, o equivalente a uma alta de 11,5%. No caso do álcool, a diferença é ainda maior. O etanol custa agora 33% mais a ANP registra média de R$ 1,71 por litro, contra R$ 1,28 há um ano.
Litoral
Em Paranaguá, no litoral do estado, o etanol aumentou em até R$ 0,30 nos últimos dias. O preço do litro do álcool, que variava entre R$ 1,69 a R$ 1,88 antes do feriado, agora não fica abaixo de R$ 1,98 nos postos do centro da cidade. Nos bairros, ainda é possível encontrar estabelecimentos comercializando o etanol a R$ 1,95. A justificativa que os gerentes dos postos dão para o aumento repentino é a diminuição da oferta do combustível no mercado interno brasileiro.
A alta nos preços tem feito com que, de cada dez veículos abastecidos, oito optem pela gasolina na hora de encher o tanque, afirmam os postos. Quem ainda opta pelo etanol, como a professora Rosangela Souza, justifica a opção por ver o preço quase R$ 0,80 abaixo do da gasolina. "O preço varia tanto que a gente nunca sabe o que é o melhor naquele momento", diz.
Com a instabilidade nos preços, os frentistas revelam que é raro alguém pedir para encher o tanque na hora de abastecer o carro no litoral. "O comum é colocarmos de R$ 20 a R$ 40 de combustível em cada veículo. Para encher o tanque com gasolina o motorista gastará cerca de R$ 140. Se a opção for o álcool, o valor final será de R$ 100", comenta a frentista Daniele Freitas.