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Comércio bilateral

EUA devem comprar minerais críticos do Brasil para segurar avanço da China

Elizabeth Bagley
Embaixadora dos EUA no Brasil afirma que país deve aumentar investimentos e se manter como maior parceiro comercial. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, anunciou que os dois países devem fechar um acordo para os americanos comprarem minerais críticos extraídos aqui, como nióbio, grafite (grafeno), níquel e terras raras.

Embora não cite expressamente que a parceria deve ocorrer para segurar o avanço da China no comércio bilateral com o Brasil, Bagley afirmou que os Estados Unidos são – e continuarão sendo – os maiores investidores no país e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é quem deveria tomar a liderança do chamado “Sul Global”, e não a nação asiática.

O anúncio da parceria ocorrerá ainda neste ano durante a presidência do Brasil no G20, o grupo das maiores economias do mundo, e em alusão aos 200 anos de relações bilaterais entre os dois países.

Bagley afirma que a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, vêm conversando sobre a parceria e que o Brasil deveria “fortemente” fazer parte do chamado “nearshoring”, uma aliança para o fornecimento de mercadorias de países próximos.

É uma iniciativa ainda incipiente dos americanos frente à chamada “Nova Rota da Seda” chinesa – oficialmente chamada de “Iniciativa Cinturão e Rota” – para o fornecimento de produtos ao país provenientes de diversas partes do mundo.

“Eu me reuni com o ministro dos Transportes [Renan Filho], com o ministro das Minas e Energia [Alexandre Silveira], para discutir minerais críticos. E o presidente Lula propôs uma parceria na transição energética em reunião com nosso secretário de Estado, Antony Blinken. Queremos definitivamente trabalhar com o Brasil, especialmente com minerais críticos, hidrogênio verde”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quarta (15).

Elizabeth Bagley afirma que, apesar do desejo dos EUA se manterem como maiores investidores no Brasil, a parceria não impediria os negócios com a China. “Será interessante ver, mas não são excludentes. Nosso [estoque de] investimento direto estrangeiro no Brasil é enorme. São quase R$ 1 trilhão, ou US$ 192 bilhões, em comparação com US$ 30 bilhões da China. Somos o maior investidor estrangeiro e continuaremos a investir e ainda mais”, pontuou.

A embaixadora, no entanto, alertou para cuidados que não apenas o governo brasileiro deve ter, mas todos os países ao negociarem com a China, por questões de “segurança e privacidade”. Ela afirma que os EUA sempre dizem para “negociarem com muito cuidado, com os olhos abertos”, pois “as empresas chinesas fazem parte do governo chinês, não são privadas”.

“Então basicamente dizemos: 'faça o que quiser, é o seu país, mas esteja ciente, porque definitivamente há problemas'”, disparou.

Ela ainda disse que o Brasil não deve receber investimentos para a produção de semicondutores, um pleito que Lula já sinalizou que gostaria de fazer. Para ela, o país deve ser fornecedor dos minerais críticos.

“Teremos um grande anúncio no G20, na cúpula de líderes em novembro, sobre minerais críticos, infraestrutura e cadeia de suprimentos. O ministro Haddad e a secretária Yellen estão negociando”, completou.

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