Os Estados Unidos resolveram partir para o tudo ou nada para relançar a sua combalida economia, com o Federal Reserve (Fed, banco central americano) disposto a inundar o país de dólares. Com a atual interligação financeira global, o resultado é que o resto do mundo terá de pagar a conta, com grande valorização das moedas em geral ante o dólar.
Mas se fosse só isso, não seria tão mal. A dor de cabeça adicional é que a China só permite uma valorização mínima do yuan em relação ao dólar. Dessa forma, países emergentes como o Brasil veem suas moedas se valorizar não só ante a americana, mas também contra a da China, o mais temível competidor em produtos industriais.
"O Fed está indo ao limite, e vai colocar todo o dinheiro na rua que for necessário para estimular a economia - isso tem um grande impacto", diz Gino Olivares, economista da Brookfield Gestão de Ativos, no Rio.
Os primeiros sinais mais claros de que o BC americano não estava mais para brincadeira foram emitidos no fim de agosto, na célebre conferência anual de Jackson Hole, no Wyoming. Foi lá que Ben Bernanke, chairman do Fed, deixou claro que seria retomado o chamado "afrouxamento quantitativo" da política monetária.
Quando os juros de curtíssimo prazo já são de quase zero, como ocorre hoje nos Estados Unidos, há perda de eficácia do instrumento clássico dos BCs, que é justamente o de mexer nesse mercado, reduzindo a chamada taxa básica. Afinal, não dá para derrubar os juros curtíssimos para menos de zero.
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