Se alguém já preparou uma lista dos investimentos mais extravagantes a serem feitos durante a maior crise econômica das últimas oito décadas, possivelmente incluiu nela a alternativa "abrir uma empresa nos Estados Unidos". Mas o advogado norte-americano William Poole, especialista em transações internacionais, conseguiu reunir em Curitiba um considerável grupo de pessoas que, como ele, creem que o momento é dos mais propícios para investir no país que deu origem à crise ou, mais especificamente, na Geórgia, estado do sudeste dos EUA que Poole representa.
"As bolsas voltaram a subir e a venda de casas cresceu pela primeira vez em um ano. Por isso, acredito realmente que já atingimos o piso dessa crise e, sendo assim, estimo que dentro de sete meses voltaremos a crescer", apostou Poole, batendo na madeira, em entrevista à Gazeta do Povo. "A hora de fazer negócios é justamente agora, às vésperas da retomada."
No início do mês, o sorridente sócio do escritório Epstein Becker & Green, de Atlanta, apresentou a 45 empresários e advogados paranaenses as vantagens que seu estado oferece a companhias estrangeiras interessadas em se estabelecer por lá ou em fazer intercâmbio de conhecimento e tecnologias com empresas locais. Vantagens que, segundo ele, explicam o crescimento de 17% no investimento estrangeiro direcionado à Geórgia em 2008. A ambiciosa meta do departamento estadual de desenvolvimento econômico, do qual Poole é representante, é repetir esse índice em 2009.
"Atlanta é a capital do sudeste dos EUA, a região que cresce mais rápido no país. A cidade é um importante centro ferroviário, rodoviário, portuário e aeroportuário", disse Poole, assegurando que "é fácil, rápido e seguro entrar na Geórgia". O mercado consumidor, segundo ele, está aumentando: o estado tem o quarto maior crescimento populacional dos EUA, e a cada ano cerca de 100 mil pessoas se mudam para lá.
"Temos um ambiente amigável aos negócios e as leis trabalhistas são favoráveis. Não há qualquer restrição, por exemplo, à nacionalidade de diretores e empregados da empresa. E os incentivos são substanciosos."
Entre as companhias brasileiras já instaladas na Geórgia estão a siderúrgica Gerdau e a Votorantim Cimentos, que no ano passado começou a construir uma fábrica no estado, lar de 50 mil brasileiros, segundo Poole. Em 2007, a Geórgia importou US$ 916 milhões do Brasil, o equivalente a 4% de tudo o que os EUA compraram do país, e exportou para cá quase US$ 500 milhões, pouco menos de 3% das importações brasileiras de produtos norte-americanos.
"Não posso afirmar que alguém do Paraná tenha se comprometido imediatamente a investir lá. Mas sim que há interessados, entre eles uma cooperativa, duas empresas de tecnologia da informação, uma fabricante de alimentos e uma empresa de tecnologia de reflorestamento", disse o advogado, sem citar nomes.
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