A Europa não tem como oferecer ao mundo uma solução definitiva para a crise no continente na reunião de cúpula do bloco, nos dias 28 e 29 de junho, reconheceram nesta segunda-feira (18) os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Antes da primeira sessão de trabalho dos líderes do G-20 (grupo das maiores economias do mundo), eles afirmaram que a maior parte das ações depende do fortalecimento da união política entre os 27 países da região, num processo que poderá levar, dependendo do tema, dez anos, por alterar tratados que precisam ser ratificados nacionalmente.
As autoridades lembraram que a Europa não é responsável pela instalação da crise global em 2008 e é uma democracia, na qual seus líderes muitas vezes têm de confrontar a opinião pública, o que torna o processo de tomada de decisão naturalmente lento.
A comunidade internacional pressiona a União Europeia a apresentar, no fim deste mês, um plano detalhado que trate das principais fragilidades da economia do bloco, como o descontrole fiscal, os desequilíbrios bancários e o lento crescimento. "Nós entendemos os problemas dos outros. Então, por favor, entendam os nossos. Estamos trabalhando com 17 democracias (na zona do euro), 27 democracias (na UE), então é difícil. Nós vamos superar, passo a passo, nossos problemas, mais devagar do que esperávamos, mas vamos. Reformas levam tempo, considerem isso", disse Van Rompuy.
Questionado pela imprensa dos Estados Unidos sobre por que os americanos deveriam arriscar uma ajuda aos europeus, por intermédio dos recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), sem que a Europa ofereça uma solução para seus problemas, Durão Barroso destacou que "os europeus são, de longe, os maiores contribuintes do Fundo", que tem um colchão anticrise de US$ 430 bilhões. "O FMI é uma instituição internacional que trabalha pelo bem comum, e estabilidade financeira é bem comum. A União Europeia é a maior economia e o maior parceiro comercial do mundo. Então, quanto mais rápido estiver estabilizada, melhor para todo mundo".
O presidente da Comissão Europeia disse ainda que é hora de se trabalhar juntos e que a Europa não deve ser alvo de "lições sobre democracia e como administrar a economia". "A crise não começou na UE, foi na América do Norte, e nosso sistema financeiro foi contaminado por, como dizer, formas pouco ortodoxas no sistema financeiro (norte-americano)".
Barroso e Van Rompuy salientaram ainda que algumas medidas podem ser encaminhadas no âmbito da UE mais rapidamente, como as de estreitamento da união bancária. Mas advertiram que um sistema comum de administração de dívida, que permita por exemplo a emissão de bônus europeus (que funciona como garantia mútua entre os países, socializando entre eles os custos de sócios em crise), depende da coordenação fiscal prévia, em que os sócios terão algum tipo de poder sobre orçamentos uns dos outros. E este é um tema delicado.
"O mais importante é demonstrar disposição para corrigir as fraquezas da estrutura política da união. Não teremos decisões completas em junho. Mas mostrar caminhos e a trajetória é muito importante e isso teremos. Vamos construir os pilares", afirmou Barroso.
Ele acrescentou que a crise oferece oportunidades às nações europeias: "Hoje o debate não é sobre desfazer, mas como avançar para completar a união econômica, fiscal e, para muitos, política. Temas como os eurobônus se apresentam como oportunidades para esta discussão". Van Rompuy foi cauteloso em relação às expectativas. Ele explicou que, por exemplo, cada tipo de instrumento para coordenação de dívida requer diferentes arranjos legais, que implicam em modificações diferentes de regulações, leis e tratados. Por isso, várias iniciativas serão analisadas entre junho e dezembro. Para o presidente do Conselho Europeu, o caminho mais promissor para mudanças está na união bancária.
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