A evolução dos acontecimentos na Europa e um corte do gasto maior que o previsto nos Estados Unidos preocupam o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), de acordo com informações da última reunião de seu Comitê de Política Monetária, publicadas nesta quarta-feira (16).
A situação na Europa "continua representando um risco significativo para a atividade aqui e no estrangeiro", assim como a possibilidade de que a política orçamentária nos Estados Unidos seja mais restritiva que o previsto, disse a ata da reunião de abril do Comitê.
"A possibilidade de que o orçamento americano seja objeto de restrições mais fortes que o previsto e que a incerteza relativa à evolução da política orçamentária deva gerar cortes nos planos das contratações e de investimento" são vistos como "riscos" para o crescimento, disse o texto da reunião celebrada em 24 e 25 de abril.
O Fed vê um aperto rápido e acentuado dos gastos do país como um "risco considerável" para a economia. Vários membros do Fed expressaram seus temores de que as incertezas sobre os cortes orçamentários poderiam coibir a contratação de negócios e o crescimento econômico.
No final deste ano, se o Congresso não agir, os cortes orçamentários automáticos serão de US$ 1,2 trilhão fora os gastos do governo, ao mesmo tempo em que serão feitos bilhões de dólares em cortes de impostos.
Contudo, eles também forçariam uma contração súbita nos gastos do governo, crucial para a economia.
Enquanto as autoridades do Fed já falaram publicamente sobre o problema fiscal, a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto de 24 e 25 de abril mostram a profundidade dessa preocupação.
"Caso um acordo não seja alcançado em um plano para o orçamento federal, um aperto fiscal poderia ocorrer no início do 2013," disse a ata. "A incerteza sobre a trajetória futura da política fiscal pode levar as empresas a adiar a contratação e investimento", completa o Fed.
Em abril, o presidente do Fed, Ben Bernanke, advertiu o Congresso que o banco central não seria capaz de agir como um salvador para a economia, se o Congresso falhar em agir.
"O tamanho do penhasco fiscal é tal que não há, penso eu, absolutamente nenhuma chance de que o Federal Reserve tenha capacidade para compensar o efeito sobre a economia", disse ele.