A atividade econômica na zona do euro teve no mês passado a maior contração em mais de dois anos, aumentando os temores de que o bloco esteja realmente entrando em uma nova recessão. O Índice Gerente de Compras indicador que mede o comportamento dos setores manufatureiro e de serviços caiu de 49,1 pontos, em setembro, para 47,2, o pior desempenho desde julho de 2009. Resultados abaixo de 50 pontos indicam que o setor está se contraindo.
O dado divulgado ontem mostrou que os problemas não estão restritos à periferia da zona do euro. A atividade econômica na França teve a primeira queda desde junho de 2009, enquanto a Alemanha, embora continue a se expandir, não mostra a mesma força que no início deste ano. A perda de fôlego ocorre no momento em que o bloco tenta encontrar uma solução para a crise da dívida pública, principalmente da Grécia, que ameaça ficar sem dinheiro para pagar as contas já em novembro.
Bancos
Os líderes da União Europeia prometem anunciar amanhã ações tanto para a Grécia quanto para os bancos e contra a crise de confiança. Uma das medidas esperadas é a imposição de maiores perdas aos bancos que possuem títulos da dívida grega. Segundo o jornal Financial Times, os líderes europeus pediram aos bancos que aceitem um calote voluntário de 60% no valor da dívida grega em suas tesourarias. Em julho, as instituições financeiras haviam concordado com um calote parcial de 21%.
O líder do Partido Verde na Alemanha, Cem Oezdemir, que participou de uma reunião com a chanceler Angela Merkel ontem, afirmou que ela disse aos presentes que o desconto no valor dos títulos do governo da Grécia detidos por investidores privados deve ficar entre 50% e 60%.
Diante da ameaça de sofrerem perdas maiores do que já tinham aceitado, os bancos reagiram. O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa mais de 200 instituições financeiras, disse que perdas maiores com a dívida grega "seriam o equivalente a um calote".
Embora o plano de ajuda à Grécia com participação voluntária dos bancos já seja um calote na prática, ele tem como atenuante o fato de os bancos terem concordado. Por isso, é chamado de calote restrito. Mas, se as perdas forem maiores e unilaterais, sem o aval dos bancos, podem desencadear o rebaixamento da Grécia para a pior nota de risco de crédito, o default. Além disso, deve provocar uma nova disparada das taxas de juros dos países mais frágeis da zona do euro, como a Itália e a Espanha. "Existem limites ao que pode ser considerado voluntário", disse Charles Dallara, diretor-gerente do IIF, em comunicado. Os representantes dos bancos lembram, ainda, que a conta será paga pelo contribuinte europeu, "que já fez muito para ajudar a Grécia".