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crise da dívida

Europa renova ajuda à Grécia e admite default seletivo

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, fala durante coletiva de imprensa no prédio do Conselho Europeu | Reuters
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, fala durante coletiva de imprensa no prédio do Conselho Europeu (Foto: Reuters)

As principais autoridades da zona do euro decidiram em uma reunião de emergência nesta quinta-feira conceder amplos poderes ao fundo de resgate da região para ajudar a Grécia a superar a crise da dívida e evitar que aumente a instabilidade do mercado.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou que os líderes da região de 17 países concordaram em abrandar os termos dos empréstimos para Grécia, Irlanda e Portugal. Ao mesmo tempo, investidores privados vão trocar voluntariamente bônus gregos por títulos de prazo mais longo com juros mais baixos para ajudar Atenas.

Admitindo que o pacote de resgate pode levar as agências de classificação de risco a declarar a Grécia em default seletivo --primeiro evento do tipo nos 12 anos de história do euro--, Sarkozy disse que os países da região estão prontos para proteger os bancos gregos dando garantias de crédito necessárias para tomar empréstimos no Banco Central Europeu.

"Concordamos em criar os princípios de um Fundo Monetário Europeu", disse Sarkozy em entrevista após oito horas de negociações sobre a ampliação do fundo de resgate europeu, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês).

O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, que presidiu a quinta cúpula sobre a crise desde fevereiro, afirmou que os líderes concordaram que o EFSF seja autorizado a comprar bônus no mercado secundário se o BCE considerar isso necessário para enfrentar a crise na região.

O EFSF também será autorizado a conceder linhas de crédito aos países antes que eles tenham bloqueado o acesso aos mercados e poderá emprestar dinheiro aos governos para recapitalizar os bancos --medidas que a Alemanha havia bloqueado ainda neste ano.

O papel mais expandido do EFSF foi desenhado para evitar que países maiores da zona do euro, como Espanha e Itália, fiquem sem acesso aos mercados no caso de um default grego.

O acordo foi baseado em uma posição comum de Sarkozy com a chanceler alemã, Angela Merkel, em negociações na noite de quarta-feira em Berlim com a presença do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet.

O ministro das Finanças da Holanda, Jan Kees de Jager, disse ao Parlamento que um default seletivo de curto prazo da Grécia agora é uma possibilidade, após ser rechaçada veementemente por muito tempo pelo BCE.

Juros menores

O juro dos empréstimos será reduzido para cerca de 3,5 por cento, de 4,5 a 5,8 por cento agora, e os vencimentos dos empréstimos seriam ampliados de 7,5 anos para no mínimo 15 anos e no máximo 30 anos.

Sarkozy disse que o envolvimento do setor privado vai reduzir a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia em 12 pontos percentuais. Essa proporção está em cerca de 150 por cento atualmente.

O financiamento oficial total para o segundo pacote de resgate à Grécia somará cerca de 109 bilhões de euros, de acordo com o comunicado final da cúpula.

"A contribuição líquida do setor privado é estimada em 37 bilhões de euros", disse o comunicado, acrescentando numa nota de rodapé que esse número leva em conta o custo do aumento do crédito no período entre 2011 e 2014.

Segundo o documento, um programa de recompra de dívida contribuiria com 12,6 bilhões de euros, somando um total de 50 bilhões de euros entre 2011 e 2014. No período 2011-2019, a contribuição líquida do setor privado seria de 106 bilhões de euros, de acordo com o comunicado.

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