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Bruxelas – A Diretoria Geral de Comércio da Comissão Européia está empenhada em trazer algum resultado da reunião técnica com o Mercosul, marcada para 18 de novembro, em Montevidéu, no Uruguai. Diante dos impasses e atrasos ocorridos até aqui, a perspectiva não é das melhores. Os europeus querem mais acesso a um mercado composto por 222 milhões de consumidores, algo que os negociadores sul-americanos só estão dispostos a ceder com o fim dos subsídios agrícolas que barram a entrada de produtos como açúcar, carne e frango na Europa. A questão, portanto, depende essencialmente das rodadas da Organização Mundial do Comércio sobre produtos agrícolas. A próxima está marcada para dezembro, em Hong Kong.

As nações do Mercosul, assim como outros países de grande vocação agroindustrial, como a Índia, continuam sendo pressionadas pelos europeus – e pelos Estados Unidos – a fazer grandes cortes das tarifas industriais. A União Européia (UE) também não esconde o desejo de ter um mercado livre em que os produtos possam circular pelos quatro representantes do Cone Sul – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – sem tarifação interna. No início de setembro, o diretor-geral de Agricultura da Comissão Européia, Silva Rodrigues, esteve em Brasília para dialogar sobre tarifas e subsídios, mas nada de concreto foi oferecido.

Os europeus dizem, no entanto, que o que mais emperra as negociações é o desinteresse pelo acordo, especialmente por parte do Brasil (maior representante do bloco latino-americano). Dizem que há muito mais visitas técnicas de europeus ao Cone Sul do que o contrário e citam, como exemplo, a passagem de nove parlamentares europeus pelo Brasil, em maio.

Na direção geral de Relações Exteriores da UE também são comuns as queixas de que, embora aleguem desvantagens, os países do Mercosul estão com saldo positivo na balança comercial (leia infográfico).

No pacote que deve ser apresentado ao Mercosul em novembro está a oferta de certificação de produtos em regiões afastadas dos grandes pólos industriais. Também se espera uma redução da lista de produtos sensíveis – inegociáveis. Fora disso, os pontos não devem mudar muito e a Europa deve manter pé firme, conservando os subsídios que, se retirados, tornariam os produtos agrícolas europeus muito pouco competitivos. Quem experimenta o cafezinho europeu, com açúcar extraído de beterraba, sabe exatamente do que se trata.

É possível que as negociações avancem um pouco na primeira reunião técnica de 2006, prevista para fevereiro, quando já se saberá dos resultados da rodada de Hong Kong. Até lá, os acordos permanecem no campo das intenções, os cidadãos europeus terão de continuar a adoçar suas vidas com o tradicional – e bem menos eficiente – açúcar de beterraba.

A jornalista viajou a convite da Delegação da Comissão Européia no Brasil.

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