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crise mundial

Europa terá de relaxar política monetária, afirmam analistas

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Londres - A turbulência financeira gerada pelos problemas das dívidas soberanas e a estagnação econômica devem levar os bancos centrais dos países europeus a baixar a guarda em relação à inflação, até porque o atual cenário derruba os preços das commodities. Analistas já dizem que o Banco Central Euro­peu (BCE) será obrigado a cortar os juros e o Banco da Inglaterra (país que não faz parte da zona do euro) caminhará para mais impressão de dinheiro de forma a estimular a atividade.

O BCE foi pego novamente no meio de um processo de aperto monetário. Assim como antes do colapso do Lehman Brothers em 2008, ele vinha elevando os juros para combater a insistente alta dos preços – o índice de inflação ao consumidor continua acima da meta de 2%. As taxas subiram de 1% para 1,5%, após duas elevações, em abril e julho. Agora, a autoridade se depara com o agravamento dos problemas no bloco: depois do calote da Grécia, a volatilidade acabou atingindo as economias maiores e já traz temores de uma crise bancária.

Analistas acreditam que, no mínimo, o BCE terá de manter os juros por um período prolongado, até 2012. Mais recentemente, começaram a surgir expectativas inclusive de corte das taxas. Para Arne Rasmussen, analista do Danske Bank, a percepção de relaxamento na Europa tende a ganhar força caso os próximos indicadores de atividade apontem para mais fraqueza.

Desaceleração

A desaceleração econômica na zona do euro se mostra mais forte do que o esperado. Até então, analistas acreditavam que o processo seria temporário, fruto dos efeitos do terremoto no Japão e da alta das commodities. Agora, os receios de um freio mais forte aumentaram, embora a recessão ainda não faça parte das projeções.

O bloco também está exposto a um possível choque vindo dos Estados Unidos, onde a atividade exibe sinais preocupantes. "Isso eleva a probabilidade de o BCE reverter a estratégia e começar a relaxar a política até o fim do ano", avalia Lee Hardman, analista de câmbio do Bank of Tokyo-Mitsubishi.

Quem ainda não enxerga uma guinada do BCE acredita, ao menos, que o ciclo de aperto será interrompido e os juros seguirão estáveis, sem espaço para subir em setembro, como previsto inicialmente. O Deutsche Bank e o Barclays Capital, por exemplo, rebaixaram as projeções de crescimento e veem manutenção das taxas na zona do euro até o fim de 2012.

Inglaterra

No Reino Unido, as perspectivas econômicas também deixam a desejar: o PIB segue estagnado e os juros continuam no chão, a 0,5%. Até agora, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) tem resistido a relaxar ainda mais a política porque a inflação está bastante elevada – subiu para 4,4% em julho, mais que o dobro da meta.

Mas, diante da piora da atividade, analistas já começam a projetar o lançamento de um novo programa de compra de títulos para alívio quantitativo, o chamado QE2 (na sigla em inglês). O BoE deu recentemente sinais de que está amolecendo. A ata da última reunião mostrou que dois membros do comitê de política monetária desistiram de pedir alta de juros para conter o avanço dos preços. "A mensagem clara da ata é que agora existe maior chance de QE", avalia Hardman.

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