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Embargo russo

Europeus acusam brasileiros de 'oportunistas'

Agricultores europeus acusam os exportadores brasileiros de "oportunistas" diante da crise na Rússia. Os maiores sindicatos de agricultores da Europa admitiram na quinta-feira (07) que o embargo russo terá impacto na renda do campo na União Europeia e pedem que Bruxelas leve o caso imediatamente aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Xavier Beulin, presidente da Federação Nacional de Sindicatos de Produtores Agrícolas da França, não poupou críticas ao Brasil. Segundo ele, a Rússia já preparou o terreno para essa medida adotada ontem, abrindo negociações com parceiros como Brasil, Argentina e China. "É uma atitude oportunista", acusou Beulin, que pediu uma reunião com o presidente francês François Hollande para "exigir uma resposta".

Na França, a estimativa é de que o embargo possa custar 500 milhões de euros em exportações. Mas o sindicalista diz que Vladimir Putin agiu de forma "muito inteligente". "Ele escolheu produtos perecíveis e que terão de ser jogados no mercado europeu agora", comentou. "A consequência disso é não apenas a queda das exportações, mas também a redução do preço doméstico para setores como o de frutas, legumes, leite e carnes. Isso significa, portanto, uma queda na renda dos produtores."

O poderoso Sindicato Agrícola Europeu apelou a uma ação na OMC, alertando que a diferenciação que os russos fazem entre produtos brasileiros e europeus é "ilegal". A Rússia é o quinto maior importador de bens agrícolas do mundo e consome pouco mais de 2% do fluxo mundial. Em grandes cidades, 60% do consumo é de bens importados. O Brasil é o segundo maior fornecedor de bens agrícolas, superado apenas pela Bielorrússia.

Na Espanha, o secretário-geral da Coordenação de Organizações Agrícolas e Pecuárias, Miguel Blanco, acusou o setor agrícola europeu de estar sendo manipulado por "considerações geopolíticas". Segundo ele, em 2013, 43% da cota russa para alimentos foram abastecidas pela União Europeia, contra apenas 8% pelo Brasil.

OMC

Na terça-feira (07), a UE admitiu que estuda ações na OMC. "Reservamos nosso direito a tomar uma ação", declarou Frederic Vincent, porta-voz do bloco. Na Alemanha, os sindicatos alertaram que vendas no valor de pelo menos 580 milhões de euros devem ser afetadas. Em Berlim, fontes do setor agrícola também insinuaram que o Brasil estava tirando proveito de uma guerra e de uma violação da soberania de um país, a Ucrânia. "Isso tudo só prova que, na Rússia, o comércio é uma arma política e que não existem regras", declarou uma representante do setor privado que pediu para não ser identificado.

Mas o embargo anunciado ontem também abriu uma disputa interna na Europa. O primeiro-ministro da Finlândia. Alexander Stubb, defendeu que seu país seja compensado pelas perdas sofridas por causa da guerra comercial. Segundo ele, a Finlândia depende das vendas ao mercado russo e seus prejuízos teriam de ser em parte reparados por governos europeus que sofram menos com o embargo. Em Bruxelas, a UE afastou qualquer possibilidade de discutir compensações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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