As taxas em alta para as emissões de Itália e Espanha e as ameaças ao triplo A da Holanda evidenciam a continuidade das tensões na zona do euro, apesar da relativa calma apresentada nesta terça-feira (24) pelos mercados, dizem especialistas.
Os mercados europeus se recuperaram nesta sessão, depois da forte queda de segunda-feira (23), quando refletiram o pedido de demissão do governo holandês e as incertezas políticas na França, no dia seguinte ao primeiro turno das eleições presidenciais, nas quais o socialista François Hollande ficou à frente de Nicolas Sarkozy.
As principais bolsas europeias fecharam a sessão desta terça-feira em alta, reagindo à queda de segunda-feira (23), em um mercado motivado pelas notícias tranquilizadoras sobre o setor imobiliário nos Estados Unidos.
O principal índice da Bolsa de Paris, o CAC 40, terminou com alta de 2,29% a 3.169,32 pontos, recuperando boa parte das perdas da véspera (-2,83%). Em Frankfurt, o DAX subiu 1,03% para fechar a 6.590,41 pontos, após perder a véspera 3%. O FTSE-100 dos principais valores da Bolsa de Londres também terminou no azul, apesar dos números mais modestos, com uma alta de 0,78%, fechando aos 5.709,49 pontos. Já o Ibex 35 da Bolsa de Madri subiu 2,24%, voltando a se aproximar da barreira psicológica dos 7.000 pontos (6.999,90), após a queda de 2,76%. Em Milão, o FTSE MIB subiu 2,48% para fechar aos 14.192,77.
Para os analistas, esta modesta recuperação é principalmente de caráter técnico, já que os investidores estão aproveitando as queda da véspera para comprar barganhas.
"As numerosas incertezas econômicas tornam difícil uma alta duradoura", disse em Paris Markus Huber, da Etx Capital.
Para Christian Schmidt, estrategista de ações do banco Helaba, a situação dos mercados continuará nebulosa, ao menos no curto prazo.
Segundo especialistas, um forte sinal de preocupação foram as taxas que Espanha e Itália tiveram que pagar para obterem financiamentos no mercado da dívida.
O ministro da Fazenda espanhol, Cristóbal Montoro, admitiu nesta terça-feira que seu país está em um "momento enormemente delicado e frágil", quando os mercados duvidam de sua capacidade para levar adiante seu rigoroso programa orçamentário em um contexto de recessão.
"São os orçamentos mais austeros da democracia, e além disso, pretendem ser os orçamentos mais realistas que a Espanha precisa para superar esta situação de crise", afirmou Montoro no Congresso, reunido para examinar os orçamentos do Estado 2012, que buscam devolver "a confiança dos sócios europeus na Espanha". "Trata-se do orçamento adequado para uma recessão econômica, que começou no final de 2011", afirmou.
A perspectiva de uma eventual vitória na França, no dia 6 de maio, do candidato socialista na segunda volta da eleição presidencial também reabriu o debate sobre o pacto orçamentário europeu.
Outro motivo de preocupação para os investidores é o Produto Interno Bruto da Grécia, que este ano cairá "cerca de 5%", uma porcentagem muito superior à prevista, após uma queda de 6,9% em 2011, disse nesta terça-feira o Banco da Grécia.
Neste contexto, o governo alemão manteve sem alterações suas previsões de crescimento, de 0,7% em 2012 e de 1,6% em 2013, informou à AFP uma fonte próxima ao governo. Já os principais institutos de pesquisa econômica do país têm revisado para cima suas previsões.