Em cinco anos, a classe média brasileira cresceu quase 50%, resultado do ingresso de 30 milhões de pessoas, das quais 27 milhões emergiram das classes D e E. Essa ascensão social impõe novas abordagens empresariais, nas relações de consumo, e regulatórias, na concessão de crédito , uma vez que a classe C ganhou novos combustíveis para impulsionar o consumo brasileiro. Este assunto será o tema da próxima edição do Papo de Mercado Gazeta do Povo de 2010, que ocorre nesta terça-feira.
No evento, as consequências e as oportunidades ligadas à ascensão da nova classe média brasileira serão discutidas pelo diretor-geral da Cetelem Brasil, Marcos Etchegoyen, e o economista Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Bureau de Inteligência Corporativa. A discussão terá como uma base os dados divulgados pela pesquisa "O Observador Barômetro Brasil 2010", divulgada pela Cetelem, cuja quinta edição apontou que a classe média vitaminou sua capacidade de poupança poupou 55% a mais que os membros das classes A e B. A Cetelem Brasil é um braço nacional das operações do banco francês BNP Paribas.
"O Brasil sempre foi colocado como um mercado de massas, com um grande mercado interno. A novidade é que ele passou a ser efetivamente isso tudo só nos últimos três anos", diz Araújo. "É engraçado perceber que essa massa ainda está em crescimento, de acordo com os indicadores recentes, como o nível de emprego e crescimento do PIB."
O economista ressalta a diferença entre ter uma população que "quer" comprar de uma que "pode" comprar, alavancada tanto pela renda e emprego quanto pelo crédito abundante. "Dos 150 milhões que queriam comprar e não podiam, 50 milhões estão em ascensão social. É claro que as regras do mercado vão mudar."
Segundo Etchegoyen, a nova classe média demanda algumas respostas. Por exemplo, como o varejo pode tirar o melhor proveito deste crescimento da renda? Ou ainda, como as instituições financeiras podem abordar este recente público consumidor, que ainda não está acostumado a estar tão exposto ao crédito? "Vamos conversar sobre quais tendências apontadas nos últimos anos se mostraram realmente verdadeiras. O crescimento da classe média gera grandes questões: como o Brasil estará daqui a dois ou três anos, por exemplo?", diz.
Um agravante natural das discussões é o crescimento do PIB no primeiro trimestre, que deve chegar na casa dos 10%. "É normal as pessoas quererem saber quanto isso vai durar, e admito que, nessa conjuntura, até fico inseguro em apontar onde vai acabar. Uma coisa que posso adiantar agora é que não vai regredir", disse, em tom de brincadeira.
O Papo de Mercado é dirigido a convidados, entre empresários e executivos de empresas com operações no Paraná. Serão quatro edições este ano, todas realizadas com patrocínio da Amil e da Algar Telecom.