Uma simples troca de cartões pode ser muito mais útil do que parece. O gesto, tão freqüente em feiras de negócios e encontros empresariais, tornou-se a razão de ser de um tipo de evento muito específico: os chamados "encontros de networking". Mais do que oferecer uma oportunidade para fechar negócios, o objetivo desses eventos é fazer com que profissionais e empresas se conheçam e ampliem rapidamente sua rede de contatos. Depois disso, concretizar compras ou vendas, num futuro próximo ou distante, será uma conseqüência natural.
O exemplo mais recente é a 4.ª Networking Night, realizada na última quarta-feira no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba. Noventa empresas de diferentes setores associadas à Câmara Americana de Comércio (Amcham) exibiram seus produtos e serviços em pequenos estandes, e aproximadamente mil profissionais passaram pelos corredores da feira durante cinco horas.
"Antes, a câmara fazia mais eventos de caráter informativo. Hoje, a grande demanda dos associados é por encontros para estreitar o relacionamento de negócios", disse o gerente regional da Amcham, Marcelo Schneider. Para deixar os participantes mais à vontade, a Networking Night teve música ao vivo, espaço para quem quisesse se arriscar no minigolfe, caricaturistas e até massagem para os engravatados mais exaustos.
Diferentemente das feiras tradicionais, os resultados não foram medidos em volume de negócios fechados o mais provável é que cada participante prefira contar o número de cartões trocados. Thais Berbert, gerente comercial da Aguativa Resort, conferia uma pilha deles, reunida em pouco mais de duas horas. "A feira poupa o trabalho de fazer todo um levantamento de possíveis clientes", disse ela.
Embora a intenção do evento seja estimular os negócios entre empresas, consultores de recursos humanos apontam que momentos como esse são muito úteis para os profissionais, que ganham exposição no mercado de trabalho. "Eventos assim são uma tendência que vem ganhando força. O interessante é que, mesmo em uma conversa informal, a pessoa pode demonstrar seu conhecimento de mercado, sua capacidade de comunicação, pode mostrar que é bem informada", diz Clodoaldo Lopes do Carmo, da Primazia Consultores Associados. "Se ela deixa uma boa imagem, aumentam as chances de ela conseguir um novo emprego ou ser contratada."
O escritor e palestrante Paulo Araújo lembra que não basta apenas trocar contatos. "Deve-se encarar como uma via de mão dupla. Não adianta ir ao evento somente para vender seu peixe. É preciso conferir o que os outros têm a oferecer e aprender também", diz Araújo. "Além disso, não adianta ter o telefone de um possível empregador. É importante cultivar esse contato, e não apenas procurá-lo quando estiver desempregado."