O ex-presidente da holding Portugal Telecom (PT) SGPS Henrique Granadeiro defendeu o fim da fusão entre a operadora portuguesa e a Oi, apesar de ter renegociado os termos da união das empresas quando ainda era executivo da empresa.
A informação é do jornal português Diário Económico, que teve acesso a uma carta enviada por Granadeiro ao presidente da assembleia-geral da PT, António Menezes Cordeiro, e ao presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM, órgão regulador do mercado português), Carlos Tavares.
Em meio à fusão, a operadora portuguesa tomou calote de 897 milhões de euros da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo (GES), o que gerou uma crise entre as companhias. A aplicação foi feita por meio da PT International Finance e PT Portugal, então subsidiárias da PT SGPS, da qual Granadeiro era presidente.
Após isso, Oi e PT revisaram os termos da união para manter a parceria, com o apoio de Granadeiro. "É legítimo à PT SGPS denunciar o acordo de fusão", disse Granadeiro no documento de 13 de janeiro. Perguntado pelo jornal Expresso sobre a nova postura, afirmou: "Reconheço que mudei de opinião porque a Oi mudou de projeto: da criação de uma multinacional de língua portuguesa passou para uma operação doméstica no Brasil, sacrificando a PT Portugal".
A PT Portugal, que reúne as operações da tele portuguesa, foi incorporada pela Oi em meio à fusão e está sendo negociada com a francesa Altice por 7,4 bilhões de euros.
A declaração ocorre após auditoria da PwC ter apontado que Granadeiro "tinha o dever de se manter informado quanto às operações financeiras contratadas com impacto relevante na posição de tesouraria da PT SGPS".
Granadeiro também afirma que Zeinal Bava, ex-presidente da Oi e do Conselho de Administração da PT, e Luís Pacheco de Melo, ex-vice-presidente do Conselho de Administração da PT Portugal e CFO da PT SGPS, sabiam das aplicações na Rioforte.