"A Eurozona foi defeituosa desde a sua criação e os esforços para superar a crise atual foram poucos e chegaram tarde demais", avaliou Jacques Delors, um dos arquitetos da moeda única europeia.
Em entrevista publicada neste sábado (3) pelo jornal britânico "The Daily Telegraph", o que ex-presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 considera que os erros cometidos quando o euro entrou em operação, em 1999, levaram à atual crise.
Para Delors, de 86 anos, os políticos que lançaram a moeda única optaram por não levar em conta as debilidades e desequilíbrios nas economias dos países-membros.
"Os ministros de finanças não queriam enxergar nada de ruim", revela o ex-presidente, para quem a culpa pela atual crise deve ser compartilhada por todos os países europeus.
Em particular, Delors considera que a Alemanha insistiu para que o Banco Central Europeu (BCE) não apoiasse os membros altamente endividados pelo temor de pressionar a inflação.
Os problemas do euro começaram por uma "combinação de obstinação pela ideia germânica de controle monetário e a ausência de uma clara visão dos outros países", acrescenta.
Delors especifica que o Reino Unido não compartilha o peso do problema, mas está igualmente "envergonhado", assim como todos os europeus, pela crise financeira.
Para o político, inclusive a Alemanha terá dificuldades para encontrar uma solução. "Os mercados são os mercados. Agora estão transbordados pela incerteza", justifica.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, reuniu-se nesta sexta-feira em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, para abordar a crise da dívida e planos para reorganizar a Eurozona.
Segundo a imprensa, Cameron queria tratar com Sarkozy uma possível reorganização da zona do euro, podendo implicar em maior cooperação entre os 17 países do euro, o que pode afetar a influência do Reino Unido na UE.
No Reino Unido, que não faz parte do euro, há uma crescente preocupação pelo impacto da crise na economia. O presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, pediu recentemente às instituições bancárias do país que reforcem o capital diante do aprofundamento da crise na eurozona, pois esta representa a "principal ameaça" para o Reino Unido.
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