A atuação dos bancos centrais internacionais, dentro das políticas macroeconômicas, ao influenciar a formação de taxa de juros de longo prazo, pode ser algo perigoso em certa medida, alertou nesta sexta-feira (11) o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, em palestra durante seminário internacional sobre política industrial, no Rio de Janeiro.

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Ele explicou que os bancos centrais têm comprado títulos de longo prazo, com o objetivo de valorizar o título e, artificialmente, diminuir a taxa desses papéis. "Você tem hoje taxa de retorno de papéis de longo prazo de 2% ao ano, para papéis de 20 anos, 30 anos. Em grande medida, por um ativismo de bancos centrais comprando esses papéis, artificialmente valorizando e interferindo na formação da taxa de mercado".

Coutinho disse que embora a política macroeconômica "aparente ser neutra", ela acaba interferindo, nesse caso, na formação do custo de capital de longo prazo. Segundo o presidente do BNDES, essa interferência dos bancos centrais pode ser um mecanismo perigoso, porque a formação dos títulos de longo prazo tem um papel relevante na regulação dos mercados de capitais.

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"Quando você, artificialmente, reduz muito os juros de longo prazo, na hora que o governo sai de cena, você pode ter uma reversão muito forte na taxa. Aparentemente, é uma coisa inofensiva no curto prazo, mas ela pode vir a ter consequências".

Coutinho observou que as políticas macroeconômicas têm um impacto direto sobre o processo de decisão do setor empresarial e suas estratégias. Taxa de câmbio, taxa de juros, condições de crédito e de mercado de capitais são, segundo ele, variáveis essenciais para o processo microeconômico de tomada de decisões. Esclareceu que a política macroeconômica pode ser benigna ou desfavorável para o desenvolvimento industrial.

Na avaliação do presidente do BNDES, não se pode pensar em política industrial sem levar em conta o contexto global que, atualmente, reúne três elementos importantes: a administração da crise internacional; a mudança da geografia econômica mundial; e a aceleração do progresso tecnológico.

Ele destacou também a importância do mercado de capitais para dar suporte financeiro à política industrial, além dos instrumentos de regulação e de coordenação. Dentro desse cenário, Coutinho observou que a instabilidade e a volatilidade são riscos que a política industrial deve evitar.

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