O intenso burburinho em uma das salas do prédio da RPC TV, nas Mercês, no início da manhã de ontem, bem lembrava o som de ambiente de encontro movimentado de executivos. Com um detalhe: só se ouviam vozes de mulheres. Eram quase 50 delas, em uma reunião das principais líderes empresariais do Paraná. Desde o início do ano, o Espaço Mulheres Executivas reúne mensalmente suas participantes para falar de negócios, fazer contatos e aprender com os relatos de diretores e diretoras de grandes empresas.
Longe de querer juntar as mulheres para tratar de assuntos exclusivamente femininos, a finalidade do grupo é articular as executivas para desenvolver suas redes de relacionamento e se fortalecer profissionalmente. "Não é um clube da luluzinha. Embora a gente perceba que mulheres tendem a pensar que encontros são oportunidades de fazer amigos, o foco é fazer negócios", destaca a presidente do Espaço Mulheres Executivas, Regina Arns Rocha.
O grupo se baseia na experiência desenvolvida pelas Executivas de São Paulo, entidade criada há cinco anos e que reúne quase 300 mulheres. "Contamos com a colaboração da presidente do grupo paulista, Maria Fernanda Teixeira, que é uma de nossas conselheiras", conta Regina. A iniciativa paulista contou para que a experiência se repetisse em Curitiba, mas o grande apelo veio de gerentes, diretoras e superintendentes de importantes empresas paranaenses que queriam um espaço para se sentirem mais à vontade.
"A Gleise Hoffmann fez uma palestra em um simpósio para executivos no ano passado e depois do evento várias mulheres comentaram que deveria haver um espaço de discussão mais voltado para o público feminino", diz a presidente das Mulheres Executivas.
Para Gleise, ex-diretora financeira da Itaipu Binacional e candidata a governadora do Paraná no ano passado, a formação de um grupo feminino de gestoras é importante para que elas se sintam fortalecidas. "Ainda são poucas mulheres nesta posição e quem está em um cargo de comando acaba se sentindo só", diz ela. Reunir 50 executivas paranaenses, aliás, não foi uma tarefa fácil para as idealizadoras do espaço. "Nosso grande desafio foi identificar onde estavam essas mulheres, porque não havia uma listagem. Ligamos de empresa em empresa até encontrá-las. Apesar de ocuparem cargos estratégicos, elas não se conheciam", informa Regina.
Ontem, a única voz masculina do encontro foi a do palestrante do mês, o diretor-presidente da Leão Júnior, Renato Barcellos, que contou um pouco das estratégias que levaram ao crescimento da marca nos últimos anos. "A mulher tem uma visão menos retilínea, ela vê aspectos de negócios que nem sempre o homem percebe", disse ele, ao comentar a presença de executivas na empresa.