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Percepção

Executivo brasileiro é o mais pessimista, diz pesquisa

Os executivos brasileiros são os mais pessimistas do mundo com relação ao desempenho da economia. Numa escala de 0 a 100, a pesquisa Panorama Global de Negócios apurou que o índice de otimismo dos diretores financeiros do Brasil (CFOs, na sigla em inglês) está em 49,5 pontos, o menor da série histórica e o mais baixo entre as economias.

O levantamento - conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Duke University e CFO Magazine - mostra que a Ásia é a região mais otimista do mundo (65,2 pontos), seguido pelos Estados Unidos (61,1), Europa (60) e América Latina (52).

Os números da pesquisa refletem a apatia dos empresários com o desempenho da economia brasileira. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu apenas 0,2%. Dessa forma, a expectativa é de baixo crescimento econômico para o ano: a pesquisa Focus do Banco Central, divulgada ontem, mostrou que o mercado prevê uma alta de 1,44%.

"No governo Lula (entre 2003 e 2010), o Brasil teve um crescimento com base na política de aumento de consumo e redistribuição de renda. Essa política gerou um avanço por um determinado período, mas não se pode crescer eternamente dessa forma. Estamos numa situação em que avançamos pouco e, quando tentamos acelerar, aparece a inflação", afirma Antonio Gledson de Carvalho, professor de finanças da FGV e codiretor da pesquisa. O estudo também teve a participação do professor de economia da FGV Klenio Barbosa.

O mau humor dos empresários também ficou evidente em outro indicador calculado pela pesquisa: 62,5% dos CFOs do País se tornaram mais pessimistas e apenas 4,2% mais otimistas.

A pesquisa entrevistou 694 diretores financeiros que atuam nas principais economias, sendo 106 da América Latina - desses 48 brasileiros. O levantamento foi concluído em 5 de junho.

Impactos

Na economia real, o pessimismo dos executivos deverá se refletir principalmente nos investimentos. Pela primeira vez, o levantamento apontou que os CFOs estão projetando uma queda nessa área. Para os próximos 12 meses, as empresas devem reduzir os gastos de capital em 1,6%.

"O único ponto que ajudaria a estimular o crescimento é o investimento privado. Isso depende da estabilidade das instituições e capacidade de previsibilidade, mas esses pontos foram destruídos nos últimos anos", afirma Carvalho. "O setor privado não investe, a economia não cresce, o pessimismo aumenta e, consequentemente, os investimentos são cortados", diz o professor.

O emprego temporário também deverá ser afetado. A pesquisa estima uma redução de 1,6%, ante uma queda de 0,4% no levantamento anterior. "Num primeiro momento de dificuldade, as empresas começam demitindo os funcionários temporários. A redução desse grupo mostra que há um reajuste no número de empregados das empresas. Se essa tendência continuar, deve haver uma queda do emprego permanente no futuro", afirma Carvalho. Na pesquisa atual, o emprego permanente permaneceu estável.

Queixas

Hoje, as preocupações dos executivos estão ligadas ao desempenho do governo, incertezas econômicas e inflação. O resultado difere das sondagens anteriores, o que indica a piora do clima econômico.

As principais preocupações costumavam ser taxa de impostos, demanda e pressão dos competidores e condições de créditos. "As preocupações atuais estão ligadas ao que governo pretende fazer, porque a gente sabe que depois da eleição a equipe econômica deve tomar algumas decisões", afirma Carvalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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