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Sabe aquela história que costumávamos ouvir quando crianças de que fulano fez carreira em uma determinada empresa, trabalhou mais de 30 anos no mesmo emprego, cresceu junto com a empresa, tinha um emprego estável...Bem, o panorama mudou, e radicalmente. Em especial para os executivos, que vivem em função de resultados e mais resultados.

Pesquisa realizada pela Divisão de Recolocação da Korum, consultoria especializada em transição de carreira sediada em Campinas (SP), aponta que o tempo médio de permanência de executivos de média e alta gerência na mesma empresa é de quatro anos. Quando se trata de supervisores e especialistas, a pesquisa indica que essa média cai para 2,7 anos.

O grande movimento de fusões e aquisições de empresas e de companhias abrindo capital contribuiu para a mudança de perfil da estabilidade do emprego. Segundo Adilson Mirante, em menos de 10 anos, houve essa mudança, em um ritmo violento, trazendo mais competitividade entre os profissionais e levando as empresas a correr atrás de profissionais cada vez mais qualificados. Ele acredita que, passando essa fase capitalista, meio predatória, de fusões no mundo inteiro - o que deve levar mais uns dois anos - voltemos a verificar mais estabilidade nos empregos.

- Diminuíram as estruturas das empresas, o número de níveis hierárquicos é menor - hoje temos, quatro ou cinco, no máximo. Antigamente, eram tantos cargos, tantos degraus a serem escalados, que o funcionário ia ficando, ficando, recebendo promoções e, conseqüentemente, se aposentava na mesma empresa. Agora não é mais assim, acabou a festa. Diminui a vida útil da pessoa na empresa.

Em cerca de dez anos, esse 'prazo de validade' dentro da empresa caiu de oito para quatro anos, o que Mirante acredita ser uma média razoável. Para se subir na carreira, na atual realidade, o profissional tem que se especializar e mudar de empresa.

- Hoje, temos 50 profissionais disputando o mesmo cargo; uma empresa 'rouba' o funcionário de outra - diz.

- Para atingir o nível gerencial até os 30 anos de idade, os executivos devem buscar crescimento rápido na carreira durante os primeiros anos de formados. Por isso mudam mais de emprego nesta fase - ressalta.

Para o diretor da Korum, as pessoas devem buscar uma permanência maior do que quatro anos após os 45 anos de idade, que é o momento de consolidação da carreira e da situação financeira.

A pesquisa mostrou também que cerca de 90% dos clientes atendidos pela Korum, com tempo de empresa entre 10 e 15 anos e pelo menos sete anos no mesmo cargo, são profissionais defasados em relação às experiências do mercado.

- São mais desmotivados e suscetíveis à insegurança causada pela mudança de rotina e políticas. Dificilmente, acostumam-se com novas culturas organizacionais. Por isso, têm mais dificuldades em participar de processos seletivos - argumenta Mirante.

Para o diretor, ficar sete anos no mesmo cargo é o mesmo que parar no tempo.

Para a realização do estudo, foi pesquisado o universo de três mil empresas do Estado de São Paulo, comparando a trajetória de profissionais - de onde vêm e onde são recolocados.

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