O plano do governo federal de elevar a oferta de voos do aeroporto de Congonhas, na capital paulista, deve desencadear uma disputa entre as companhias aéreas nacionais e dar à Azul a chance de rivalizar com as gigantes Latam e Gol na aviação doméstica.
A Secretaria de Aviação Civil, do Ministério dos Transportes, revelou nesta terça-feira (27) que o governo planeja expandir dos atuais 34 para até 39 slots (autorizações de pousos e decolagens) por hora.
Procurada, a Azul afirma, em nota, que “acompanha de perto as negociações sobre o aumento no número de voos em Congonhas” e que essa será “uma boa oportunidade” para mostrar seus serviços a novos clientes da capital paulista.
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Atualmente, a Azul, que é a terceira maior companhia aérea brasileira, tem apenas 5% dos slots diários de Congonhas e poderá elevar essa fatia após o acréscimo, que deve acontecer ao longo de 2019, segundo as previsões de Dario Rais Lopes, secretário nacional de Aviação Civil.
As líderes em Congonhas, que concentra voos domésticos em São Paulo, são as duas maiores do setor no Brasil, Latam e Gol, cada uma com 44% dos slots no aeroporto.
Os outros 7% são da Avianca, segundo dados da estatal Infraero, que opera o aeroporto.
Líder no mercado de aviação regional
Há cerca de dez anos, a Azul se posicionou no mercado doméstico como uma companhia que batalharia para se manter líder no mercado de aviação regional, com o maior número de cidades atendidas e sem pretensões de disputar participação nos trechos mais concorridos, como São Paulo a Brasília ou São Paulo ao Rio de Janeiro.
Ela estabeleceu o seu centro de operações no aeroporto de Viracopos, em Campinas, e dali cresceu até alcançar mais de cem destinos no país.
Nos últimos anos, sua ambição cresceu no mercado internacional – com destinos como Lisboa e Flórida – e agora terá chance de disputar clientes da ponte aérea.
Tema é explosivo
A ampliação dos slots de Congonhas é vista por executivos do setor como um tema “explosivo”, não só pelo potencial de competição que pode gerar no setor, mas também pela memória que traz do acidente da TAM de 2007, que matou 199 pessoas.
Antes do acidente, o aeroporto operava com até 48 slots. A redução dos slots foi uma das restrições impostas após a tragédia.
Procuradas, as companhias ainda evitam entrar em detalhes sobre o assunto.
A Latam informa que Congonhas é um aeroporto prioritário e que tem demanda para mais vagas de pousos e decolagens, mas não pode fazer estimativas precisas na elevação da oferta porque não teve acesso aos estudos do governo federal.
Da mesma forma, Gol e Avianca não se manifestaram.
Garulhos e Viracopos seriam afetados
O caso também tem potencial de impactar os outros dois aeroportos paulistas, Guarulhos e Viracopos, que poderiam ver parte de seus voos ser transferida para Congonhas quando o aeroporto expandir sua oferta de voos.
A GRU Airport, concessionária do aeroporto de Guarulhos, afirmou em nota que prefere não comentar. A concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, do aeroporto de Campinas, diz que vai avaliar.
Quem se beneficiará com a medida é estatal Infraero, que poderá elevar suas receitas tarifárias com o aumento da venda de passagens, além do aquecimento no comércio no aeroporto.
Em nota, a estatal informa que tem solicitado à SAC e à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorização para o aumento de slots em Congonhas porque o aeroporto tem capacidade de operação superior ao atual.
“Além disso, as aeronaves tiveram evoluções tecnológicas e que permitem uma segurança maior de operação. O aeroporto também evoluiu em seus requisitos operacionais”, diz a Infraero.
O que ainda preocupa na elaboração dos planos para a elevação dos slots é o trânsito no entorno do aeroporto.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e o DTP (Departamento de Transportes Públicos) informaram que, neste ano, elevaram o número de agentes e fiscais no entorno do aeroporto para evitar fila dupla e estacionamento irregular.
Participação nos slots de Congonhas
44% Latam
44% Gol
7% Avianca
5% Azul
Fonte: Infraero
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