O crescimento de 5,4% do Produto Interno Brutobrasileiro no segundo trimestre do ano coloca o país em último lugar no ranking dos que mais cresceram entre os quatro principais emergentes do mundo, grupo denominado Bric, que engloba, além do Brasil, a Rússia, a Índia e a China.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Tendências, a Rússia teve uma expansão de 7,8% de sua economia entre o primeiro e o segundo trimestres do ano, contra expansões de 11,9% da China e de 9,3% da Índia.
Na avaliação do economista Filipe Albert, no entanto, há uma tendência de que os outros três países do grupo cresçam a um rimo cada vez menor, enquanto, no Brasil, a tendência é de escalada a passos mais largos. A China, que cresceu 10,7% em 2005 e 10,4% em 2006, por exemplo, deverá ter uma expansão econômica de 10% em 2007. A Índia, que teve crescimento de 9,2% em cada um desses anos deverá ver sua economia crescer 8,5% em 2007. Na Rússia, onde a expansão do PIB ficou em 6,4% e 6,7% em 2005 e 2006, respectivamente, a alta deverá ser de 6,4% neste ano, nas projeções da Tendências.
- Enquanto todos os outros países do Bric o crescimento vem se estabilizando em um mesmo ritmo, no Brasil a expansão aumenta. O país cresceu 2,9% em 2005 e 3,7% em 2006. Para 2007, nossa projeção é de um aumento do PIB de 4,8%, o que é bastante considerável - diz.
Segundo Albert, apesar de a expansão econômica ainda ficar bem abaixo dos outros emergentes em termos percentuais, é importante salientar que o Brasil vive uma fase diferente.
- Esta fase em que eles estão agora, de crescimentos elevados, é mesma pela qual o Brasil passou entre as décadas de 50 e 70. O que vemos agora é que eles estão em um período de industrialização, enquanto no Brasil há um crescimento muito forte do setor de serviços. Estamos muito mais próximos dos países desenvolvidos - distingüe.
O economista acrescenta que é mais fácil registrar um crescimento percentual maior quando a base de comparação é mais baixa.
- Se você pega o PIB per capita, percebe que o do Brasil é três vezes maior que o da China e muito maior que o da Índia - diz.
Albert avalia que o resultado do PIB brasileiro divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi positivo, sobretudo em função da forte influência do aumento da demanda doméstica. De acordo com o levantamento, o consumo das famílias cresceu 5,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2006.
- O aumento da renda e a expansão do crédito deu suporte para que o consumo aumentasse. Além disso, com uma previsibilidade maior da política econômica, o que já vem acontecendo há algum tempo, as pessoas sentem-se mais confortáveis para gastar mais e o crédito oferecido pelos bancos também aumenta. Os investimentos também aumentaram, o que é positivo pois sinaliza que a oferta de bens e serviços tem tudo para acompanhar a demanda nos próximos trimestres sem que haja pressões sobre a inflação.
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