O dólar confirmou no fechamento dos negócios nesta segunda-feira (22) a queda registrada desde o início da sessão, pautada essencialmente pelo apetite ao risco que embalou os ativos financeiros no mundo. O movimento, por sua vez, foi conduzido pela expectativa de que um acordo entre a Grécia e seus credores seja concluído nesta semana, para que o país consiga saldar sua dívida de 1,6 bilhão de euros até o dia 30 com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O dólar terminou cotado em R$ 3,081 (-0,64%) no segmento à vista de balcão. Oscilou em queda durante toda a sessão, da máxima de R$ 3,094 (-0,23%) à mínima de R$ 3,068 (-1,06%). O volume estava em US$ 943 milhões às 16h30. Neste horário, o dólar para julho recuava 0,53%, para R$ 3,091.
A Grécia apresentou proposta de reformas no fim de semana, que inclui novos impostos sobre empresas e ricos, mas sem cortes em pensões ou no salário do funcionalismo, pontos nos quais o governo grego não queria mexer. Atenas aceitará ainda adotar regras mais duras para aposentadorias antecipadas e mudará algumas categorias de bens e serviços sujeitos a uma taxação maior.
Com isso, os investidores estão otimistas sobre um entendimento no curtíssimo prazo. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que as propostas são as primeiras “reais” em semanas e que houve desenvolvimentos promissores nas negociações. Nesta tarde, líderes europeus estão reunidos para discutir a questão grega, mas é improvável que uma solução seja anunciada ainda hoje. O dólar esteve em baixa ante o euro, embora no meio da tarde tenha virado para o negativo.
Cenário interno
No Brasil, o comportamento de queda do dólar no exterior foi potencializado pelos dados melhores do que o previsto sobre o Balanço de Pagamentos de maio. Segundo o Banco Central, o déficit em conta corrente no mês passado ficou em US$ 3,366 bilhões e o ingresso de Investimento Direto no País (IDP), em US$ 6,608 bilhões.
Ambos superaram as estimativas, pois a previsão mais otimista para a conta corrente coletada pelo AE Projeções era de déficit de US$ 3,9 bilhões e para o IDP, de entrada de US$ 4,5 bilhões.
Dessa forma, os eventos externos e internos acabaram levando o mercado a devolver parte da alta de 1,5% do dólar à vista registrada na sexta-feira, com base, ainda, na expectativa de entrada de fluxo após o anúncio da Marfrig da venda da Moy Park para a JBS por cerca de US$ 1,5 bilhão, pois o mercado já precifica a necessidade de internalização de parte dos recursos.