A exploração comercial dos aeroportos, como o aluguel de lojas, pode ser o principal atrativo em um modelo de concessão, segundo o consultor da McKinsey Arlindo Eira Filho. "A receita comercial nos outros países do mundo chega a ser a principal fonte de receita dentro de um aeroporto", afirmou o consultor, que conduziu no ano passado um estudo sobre o setor aéreo a pedido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Os melhores operadores aeroportuários chegam a ter 50% de sua receita vinda da exploração comercial. No Brasil, ela gira entre 20% e 25%", diz. Segundo ele, no Brasil, cada passageiro consome entre 2 e 3 euros nos aeroportos, enquanto no exterior esse consumo chega a 14 euros por passageiro.
Segundo o consultor da McKinsey, nem todos os aeroportos são superavitários, mas é possível que o sistema aeroportuário como um todo tenha resultado positivo. Segundo ele, há duas alternativas que podem ser seguidas pelo governo: incluir num mesmo pacote aeroportos lucrativos e não lucrativos e repassá-los juntos para a iniciativa privada; ou conceder apenas os lucrativos e repassar o dinheiro obtido para os não lucrativos.
Ainda no início deste mês, quando o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um estudo sobre os 13 aeroportos da Copa do Mundo de 2014, o técnico da instituição Carlos Alvares da Silva Campos Neto havia dito que a participação da iniciativa privada no setor aeroportuário não era uma solução viável para acelerar as obras, porque as parcerias público-privadas ou as concessões dos terminais exigiriam a elaboração de uma normatização complexa.
Críticas
A decisão da presidente Dilma Rousseff de conceder parcialmente aeroportos à iniciatva privada provocou críticas da oposição e até de aliados e apoio de companheiros do PT, partido tradicionalmente avesso a privatizações. O mais ácido foi o senado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que, da tribuna do Senado, chamou de "oportunismo" os ataques petistas às privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso durante as últimas campanhas eleitorais.
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), negou que o partido tenha posição contrária às privatizações como um dogma. "Se for necessário para o país crescer, você pode dar um protagonismo maior para a iniciativa privada. A gente reconhece as virtudes e os diferenciais positivos de trabalhar com a iniciativa privada." Em seu blog, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu elogiou a medida como "alvissareira", argumentando que não havia como não fazer as concessões nos aeroportos por causa do crescimento da demanda dos últimos anos.
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