Um riacho tingido de vermelho deságua no rio Tibagi, em Telêmaco Borba. A alguns passos dali, há uma lagoa azul turquesa e um arroio amarelo. O colorido é indicativo de perigo: a água é ácida, contaminada por metais pesados, como chumbo e cádmio, além de enxofre. O cenário é o que restou de quatro décadas de exploração de carvão mineral no local.

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O material extraído era lavado para tirar impurezas que não serviam para a queima nas caldeiras. Nesses rejeitos está um mineral chamado pirita – formado pela combinação entre enxofre e ferro. O contato com o ar e a água forma o ácido sulfúrico, que provoca a chamada drenagem ácida. Os rejeitos de carvão liberam metais pesados como chumbo, cádmio e manganês, que em altas concentrações prejudicam a saúde. E tudo pode ficar embaixo d’água, submerso na represa da usina de Mauá, que está prestes a sair do papel.

Ismail Carvalho, 48 anos, trabalhou por cinco anos na mina e ainda mora perto do local. Além do receio com o que sobrou das minas, ele teme ser despejado, pois está na área a ser inundada. O irmão Ambert Carvalho, 46 anos, também trabalhou na mina, mas por 13 anos. "Eu já coloquei essa água na boca e descascou tudo", conta.

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O coordenador da Liga Ambiental, Tom Grando, alega que a situação é nova e merece todo o cuidado porque em nenhum caso estudado até hoje minas foram inundadas por lagos artificiais. Ele acredita que os resíduos podem comprometer a captação dos mananciais que abastecem a região. (KB)