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Comércio exterior

Exportação cai 9% com crise automotiva

Na contramão do desempenho do setor exportador brasileiro, cujas vendas estão desacelerando mas seguem em alta, as exportações paranaenses parecem ter iniciado uma trajetória de queda sem data para terminar. O estado exportou US$ 4,3 bilhões de janeiro a junho, com queda de 8,9% na comparação com o mesmo período de 2005, frente a um avanço de 13,5% nas exportações de todo o país. Com a desvalorização do dólar, as receitas paranaenses convertidas para a moeda nacional ficaram ainda mais modestas, com queda de 22,2% no semestre. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

No ano passado, a crise dos setores agropecuário e madeireiro ainda era compensada pelo bom resultado das montadoras de veículos. Mas, em 2006, o impacto do câmbio sobre a produção das indústrias do estado fez desabar também o faturamento com os produtos industrializados. Segundo a Fiep, as receitas com manufaturados caíram 0,6% em dólares no semestre, após um avanço de 34,4% nos primeiros seis meses de 2005. Produtos básicos e semimanufaturados, por sua vez, deram seqüência aos maus resultados exibidos no ano passado, apresentando recuo de 21,1% e 17,1%, respectivamente. No mesmo período do ano passado, as duas categorias já haviam caído 29,2% e 3,2%.

"Os juros altos e a supervalorização do real inviabilizaram praticamente 80% da produção de manufaturados do estado", comenta o presidente do Instituto Centro de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar), Zulfiro Bósio. "No caso dos automóveis, além da queda do dólar, houve o problema do forte aumento dos preços do aço." O economista Hugo Meza Pinto, professor de macroeconomia da Unicenp, acrescenta que, além do aumento de mais de 70% dos preços do aço em 2005 – provocado principalmente pela forte demanda da China –, o forte avanço das cotações do petróleo também dificultou a vida das indústrias de automóveis, que dependem de derivados como o plástico. Os custos de produção cresceram, e o conseqüente reajuste dos preços dos produtos afastou os importadores.

Esse cenário teve forte impacto sobre a Volkswagen, maior exportadora do Paraná, que vendia no mercado internacional até 40% dos veículos fabricados no Brasil. De janeiro a junho, a Volks exportou US$ 222 milhões, com queda de quase 54% sobre os US$ 479,3 milhões dos primeiros seis meses de 2005. Com a queda nas vendas, a montadora – que vem de oito anos seguidos de prejuízo no Brasil – anunciou em maio um pacote de reestruturação que inclui a demissão de até 6 mil funcionários no Brasil. Na fábrica de São José dos Pinhais, hoje com 3,9 mil funcionários, 900 pessoas devem perder o emprego até o fim do ano.

Com a indústria produzindo menos, a importação de componentes despencou – e, também nesse aspecto, o estado está em situação pior que o Brasil. Enquanto as importações brasileiras cresceram 22% no primeiro semestre, no embalo do dólar barato, as compras paranaenses caíram 4,3%. Seis das dez maiores empresas importadoras do estado compraram menos no primeiro semestre: Volks (-40%), Volvo (-31%), Bosch (-4%), Siemens (-12%), CNH (-9%) e Tritec Motors (-0,2%).

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