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Exportação de couro brasileiro dobrou nos últimos dez anos

O couro brasileiro tem carimbado seu passaporte para o exterior. Ele pode ser encontrado nos requintados móveis italianos, nos bancos de carros japoneses e europeus, em bolsas e outros artefatos da Índia e África do Sul e até nos coturnos dos soldados ingleses. A exportação da matéria dobrou nos últimos dez anos, e hoje corresponde a 65% do couro curtido no Brasil – maior produtor do mundo.

Mesmo em tempos de desvalorização cambial, a receita dos curtumes brasileiros com as vendas ao mercado externo cresceu 25,17% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2005. Foram US$ 542 milhões de janeiro a abril, ante US$ 433 milhões no ano passado. Em todo o ano, foram processados 43 milhões de couros (um couro equivale ao subproduto de um animal abatido). O faturamento total só com a venda a países como China, Hong Kong, Itália e outros europeus rendeu US$ 1,4 bilhão no ano passado, além de US$ 150 milhões em artefatos. Para este ano, a meta é produzir 47 milhões de couros (praticamente a totalidade de bois abatidos) e exportar US$ 1,7 bilhão. "Hoje não se vê mais couro jogado fora. Ele representa 15% do valor do boi", afirma João Carlos Feller, secretário executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

Quinto maior produtor do país, o Paraná responde por 8,95% da produção nacional e por 5,5% das exportações.

A grande maioria do produto exportado é utilizado na indústria de móveis e automotiva. Mas para isso, é preciso investir em qualidade. "O couro automotivo tem mais especificações", diz Carlos Cilião Filho, gerente comercial do Apucacouros, maior curtume do Paraná, especializado na produção de matéria para fábricas de automóveis. Já o couro usado no vestuário responde por uma parcela muito pequena das vendas nacionais.

O setor é composto de 800 empresas espalhadas pelo país, que empregam aproximadamente 45 mil pessoas. A maior concentração está no Sul (40%) e Sudeste (35%), embora o maior rebanho bovino esteja concentrado no Centro-oeste, que responde por apenas 9% dos curtumes brasileiros. "Mas a tendência é uma mudança nesta geografia, os curtumes estão mudando para onde está a matéria-prima", explica Feller.

Nos últimos anos, as empresas brasileiras investiram pesado em tecnologia e qualidade. Importaram máquinas e equipamentos e treinaram funcionários. "Hoje não devemos nada para outros países em termos de tecnologia", diz Feller. Ainda assim, era preciso vencer outra barreira: a falta de cuidado com a matéria-prima. Riscos de arame farpado, galhos, marcação do rebanho a ferro quente, berne e carrapatos representam um dos maiores adversários do couro de qualidade. De dois anos para cá, o CICB desenvolve o Projeto Brasileiro de Melhoria do Couro. Até agora foram mais de mil palestras em todo o Brasil ensinando fazendeiros a tratar melhor o rebanho.

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