Se a intenção manifestada pela China de importar 1 milhão de jegues por ano do Brasil, conforme disse um empresário chinês à ministra da Agricultura Kátia Abreu na quarta-feira (18), o negócio geraria ao Brasil uma receita de US$ 3 bilhões, considerando o preço médio dos asnos exportados este ano
A demanda inusitada foi feita durante missão da ministra ao país asiático, onde os animais são usados na indústria alimentícia e na fabricação de cosméticos. O Brasil já faz essa exportação, mas em uma escala reduzida. Em 2015, foram vendidas 1,2 toneladas, o equivalente a US$ 15,4 mil.
A história foi relatada pela própria ministra pelo microblog Twitter. “No seminário dos empresários chamou a atenção um investidor com um interesse que nos pareceu piada, mas não era. Ele quer importar jumentos para a China”, relatou. “Inacreditável, mas sua demanda é de 1 milhão de jumentos ano. Morro e não vejo tudo”, disse a ministra.
Nesta quinta-feira (19), Kátia voltou a falar no assunto e disse que errou, não eram jumentos, mas jegues. Apesar dessa correção, jegue é apenas outro nome para asno e jumento. A mula e o burro é que são diferentes, nascem a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Se o filhote for uma fêmea, é chamada de mula; se for macho, é chamado de burro. “Propuseram-me a fazer, inclusive, uma cooperação para melhoramento genético de jegues”, relatou a ministra.
Abates
A China abate cerca de 1,5 milhão de jegues por ano, uma parte produzida no próprio país e outra na Índia. Apesar de toda essa demanda dos chineses, 2015 foi um ano fraco para a exportação do animal em comparação a outros anos.
Enquanto neste ano as vendas ficaram em US$ 15,4 mil, em 2008 elas chegaram a somar US$ 309,3 mil, o equivalente a 22,4 toneladas. O recorde financeiro, no entanto, foi em 2010, quando o Brasil fez US$ 385,7 mil em vendas e desembarcou 14,9 toneladas de asnos no exterior.
As mensagens da ministra na rede social geraram comentários bem-humorados e foram até usadas em trocas de ofensas entre militantes de esquerda e de direita. Algumas pessoas, defensoras dos animais, se queixaram da demanda chinesa e classificaram a venda como “crueldade”.
Tangerina
Outra demanda diferente das demais foi a de uma empresa de fármacos, que quer 10 mil toneladas de casca de tangerina por ano para produzir óleos e essências. A ministra deixou a China e está a caminho do Brasil. Enquanto esteve no país asiático, a ministra fechou acordo para que sete plantas frigoríficas tenham autorização para vender para os chineses. Dessas, três são de carne bovina, duas de suína, e duas de frango.