A balança comercial registrou em julho um saldo positivo de US$ 1,57 bilhão, puxada por exportações recordes e uma queda de 5,5% nas importações, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Mas o quinto mês consecutivo de bom resultado no comércio exterior foi insuficiente para reverter o déficit acumulado no ano, que chegou a US$ 916 milhões.
Embora afetada pela crise da Argentina, que prejudicou as vendas de carros, a balança comercial foi auxiliada pela exportação de US$ 866 milhões de uma plataforma de petróleo - uma operação, no entanto, meramente contábil - e pelo aumento de 276% nas vendas de petróleo. Em 2013, o déficit de julho foi de US$ 1,9 bilhão.
O desempenho do comércio exterior surpreendeu os analistas, que estimavam um superávit por volta de US$ 800 milhões. "Houve um bom arrefecimento das importações de combustíveis e lubrificantes, enquanto as exportações de petróleo bruto subiram", disse o economista Bruno Lavieri, da consultoria Tendências. "Se não fosse a desaceleração econômica, as importações teriam subido muito mais."
A consultoria Rosenberg ressaltou que a queda de 11,2% nas importações de bens de capital refletiu a "perda de ímpeto dos investimentos, já verificada, também, na produção de bens de capital". Nos bens de consumo, as principais quedas nas importações ocorreram em máquinas e aparelhos de uso doméstico e automóveis de passageiros.
As importações de combustíveis e lubrificantes recuaram 7,4%, o que contribuiu para a redução do déficit da chamada "conta petróleo", que fechou no vermelho em US$ 9,9 bilhões no acumulado do ano. O diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do MDIC, Fernando Dantas, explicou o aumento das exportações de petróleo em bruto. "De sete petroleiras, seis aumentaram as exportações", disse. Mas o ritmo de alta deve arrefecer em agosto. Também contribuíram para as exportações recordes os embarques de produtos agrícolas, sobretudo de soja.
No grupo de manufaturados, o aumento das vendas foi de apenas 0 6%, ajudado pelo registro dos US$ 866 milhões da plataforma de petróleo. Essa operação, chamada tecnicamente de "exportação ficta", representa o envio de uma unidade marítima ao exterior apenas para fins tributários. No caso brasileiro, a unidade é comprada de fornecedores nacionais por subsidiárias no exterior da Petrobrás e ficam "alugadas", o que permite que sejam recolhidos menos tributos.
Argentina
A venda de manufaturados também está sendo prejudicada pelos problemas da Argentina. A queda das exportações de automóveis para o país vizinho atingiu 36% no acumulado do ano. E as vendas de autopeças caíram 29%. "Isso é problema de demanda. O acordo automotivo deu as condições para as operações voltarem regularmente. Mas não é o regime automotivo em si que vai trazer a melhoria para o comércio", disse Dantas. As importações brasileiras do vizinho recuaram 17,4% em julho. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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