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Comércio Exterior

Exportação do Paraná cai após 21 meses

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Após 21 meses de crescimento, as exportações paranaenses recuaram em abril. No mês, as empresas do estado faturaram US$ 1,45 bilhão com as vendas a outros países, cifra 7% menor que a do mesmo período do ano passado. Até então, a última queda nesse tipo de comparação havia ocorrido em junho de 2010.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, a retração afetou seis dos dez principais grupos de produtos exportados pelo Paraná. Entre eles, soja em grão e seus dois principais derivados, o óleo e o farelo, cujos embarques recuaram, na ordem, 5%, 2% e 50% em relação a abril de 2011. Também diminuíram as exportações de máquinas e aparelhos mecânicos (-12%), papel (-21%) e açúcar (-75%). Por outro lado, cresceram as vendas de carnes (1%), madeira (10%), veículos e peças (30%) e cereais (55%).

Alguns dos produtos com mau desempenho em abril já vinham de resultados fracos nos meses anteriores. Com isso, as vendas de máquinas e de papel, por exemplo, caíram respectivamente 5% e 10% no acumulado de janeiro a abril. Também chama atenção o encolhimento do óleo e do farelo de soja, cujos embarques recuaram 13% e 18% em relação ao primeiro quadrimestre de 2011.

Segundo especialistas, os dois subprodutos têm perdido espaço para a soja em grão. Estimulados pelo crescente apetite da China, que neste ano antecipou suas importações e jogou para cima os preços da commodity, os paranaenses exportaram 2,33 milhões de toneladas da oleaginosa apenas nos quatro primeiros meses de 2012, 44% a mais que em igual período do ano passado. Como a cotação está mais alta nesta temporada, em valores o salto foi ainda maior, de 52%, para US$ 1,1 bilhão. Sozinha, a soja foi responsável por um quinto de tudo o que o estado faturou com exportações desde o início do ano.

Com tamanha demanda pelo grão – que, para complicar, teve a produção limitada por problemas climáticos –, sobrou pouco para seus derivados. Até esmagadoras têm preferido vender a soja a processá-la. "O mercado está demandando soja em grão. A China, que tem seu próprio parque esmagador, não compra farelo", explica o engenheiro agrônomo Robson Mafioletti, assessor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). "Os chineses sabem que a safra da América do Sul será menor do que se esperava, então estão com pressa de formar estoques. Eles não querem depender muito da safra norte-americana, que só chega ao mercado a partir de setembro."

A própria retração das vendas de soja em grão em abril foi consequência dos "excessos" do primeiro trimestre. Como os embarques da oleaginosa se concentraram entre janeiro e março, tendem a ficar cada vez mais baixos no decorrer dos próximos meses.

Vendas para a Argentina disparam

A adoção de barreiras protecionistas e a perda de fôlego de sua economia fizeram a Argentina reduzir em 9% as compras de produtos brasileiros neste ano. Mas até agora o Paraná foi pouco afetado. Suas exportações para o país vizinho cresceram, e não foi pouco: de janeiro a abril, o estado vendeu US$ 656 milhões em mercadorias, 46% mais que em igual período de 2011.

A maior parte da expansão se deve ao comércio de veículos e peças. Nos quatro primeiros meses de 2012 os argentinos importaram US$ 415 milhões em produtos da indústria automobilística paranaense. Essa cifra representa um salto de 72% em relação àquela registrada um ano antes e faz da Argentina o maior cliente das montadoras do Paraná: absorveu dois terços de tudo o que elas exportaram neste ano.

Burocracia seletiva

A fim de reverter o déficit de sua balança comercial, a Argentina suspendeu em fevereiro o regime de licenças automáticas para importações, o que vem atrasando e em alguns casos impedindo muitas operações. Sinal disso é que, de janeiro a abril, caíram as exportações de 40 de 76 grupos de produtos que o Paraná costuma vender aos argentinos.

Mas a indústria de automóveis, predominante na relação bilateral, foi pouco afetada. Existem ao menos três razões para isso. Uma é o regime automotivo do Mercosul, que protege o setor. Outra é que as fábricas argentinas dependem de componentes feitos no Brasil e, sem poder importar, teriam de interromper suas linhas. Há ainda uma questão de reciprocidade. Assim como vendem muito ao vizinho, as montadoras brasileiras também compram dele grande quantidade de veículos e peças – as fábricas do Paraná desembolsaram US$ 390 milhões com esse fim no primeiro quadrimestre.

Quem tem filial na Ar­gentina, como a fabricante de cabos óticos Furukawa, também vê mais agilidade nas autorizações para importação. "A situação melhorou muito desde fevereiro", conta Foad Shaikhzadeh, diretor-presidente da empresa. "Agora conseguimos mandar para lá de 90% a 95% de nossos produtos sem grandes problemas, porque exportamos componentes para a fábrica argentina e também produtos que não têm similar no mercado deles."

Mas nem todas as empresas desfrutam dessas facilidades. A Soft Electronics, que tem fábricas em Pato Branco (Sudoeste do Paraná) e Curitiba, conseguiu fazer apenas dois embarques desde fevereiro. "Nossos clientes conseguem autorização de importação apenas eventualmente. Para complicar, o mercado argentino se retraiu um pouco. Em épocas normais, teríamos feito dez embarques", diz Thiago Camargo, gerente comercial da Soft.

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