A fábrica da Renault em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) reativou nesta semana o terceiro turno de produção, para o qual já contratou 650 pessoas. O primeiro objetivo é dar conta do aumento das exportações do utilitário esportivo Captur.
A Renault não foi a única montadora a buscar fôlego no mercado externo. Juntas, as fabricantes exportaram 104 mil carros, caminhões e ônibus no primeiro bimestre, segundo a Anfavea, que representa o setor. Foi o maior volume da história para esse período do ano. Na comparação com os dois primeiros meses de 2016, os embarques cresceram 73%.
Veja a evolução das exportações do setor no infográfico
Em meio à queda contínua das vendas domésticas, a melhora das exportações deu um empurrão para o aumento da produção. Cerca de 375 mil veículos deixaram as linhas de montagem em janeiro e fevereiro, 28% mais que no primeiro bimestre de 2016.
O ritmo de atividade ainda é mais lento que o do início de 2015, que já era baixo. Mas ao menos o setor conseguiu engatar a primeira marcha, após três anos seguidos andando de ré.
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Primeiro impulso veio da alta do dólar
As vendas ao exterior começaram a reagir em 2015, depois de atingir, no ano anterior, os menores níveis em mais de uma década. O primeiro impulso veio da alta do dólar, que disparou em meio à crise política que emergiu meses após a reeleição de Dilma Rousseff.
A partir de 2016, as exportações se beneficiaram da troca de governo na Argentina, principal cliente das montadoras brasileiras. Com Mauricio Macri na presidência, o país voltou a se abrir ao comércio exterior.
No ano passado, as vendas brasileiras de veículos e peças para o mercado argentino cresceram 19% em dólares, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Neste início de 2017, aumentaram 31%.
Maior exportadora do setor, a Volkswagen mais que dobrou suas exportações no primeiro bimestre. A empresa despachou quase 30 mil veículos para outros países.
“Estamos aumentando nossos esforços de exportação como uma medida para balancear a queda do mercado interno”, diz Thomas Owsianski, vice-presidente de vendas e marketing da companhia para a América do Sul.
Entre os modelos exportados estão Fox e Crossfox, produzidos em São José dos Pinhais, que vão para Argentina, México, Bolívia, Peru, Colômbia e países da América Central.
Na Volvo, que fabrica veículos pesados em Curitiba, a exportação de caminhões aumentou 31% em 2016. A fatia da produção destinada ao exterior, que era de 29% em 2015, chegou a 42%. No caso dos chassis de ônibus, mais de 60% são exportados.
Taxa de câmbio é uma ameaça
Uma ameaça ao otimismo com o mercado externo está na taxa de câmbio. Assim como a alta do dólar ajudou a partir de 2015, a retração da moeda nos últimos meses pode, em algum momento, frear o avanço dos embarques.
A projeção da Anfavea para o crescimento das exportações em 2017 é cautelosa. A entidade prevê aumento de 7% em relação a 2016, avanço bem mais modesto que o dos dois primeiros meses do ano.
Para o mercado interno, a estimativa é de um aumento de 4%. Somando uma coisa e outra, a produção de veículos deve crescer 12% no acumulado do ano, espera a associação.