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Setor industrial

Exportações crescem e indústria do Paraná esboça recuperação

As exportações de produtos industrializados do Paraná deram um salto de 46,96% em outubro e elevaram o desempenho das vendas industriais do estado em 10,91% na comparação com setembro. Este resultado, considerado "expressivo, não previsto e atípico" pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), deve fazer com que o faturamento do setor este ano cresça acima de 4%, em relação ao resultado do ano passado. Até setembro, a entidade previa aumento de 3%.

De acordo com a pesquisa Indicadores Conjunturais, divulgada ontem pela Fiep, o bom resultado de outubro foi puxado basicamente pelo desempenho no mercado interno e, principalemente, externo, nos três setores de maior participação relativa na indústria do Paraná: Produtos Alimentares, Material de Transporte e Química.

Só as exportações de gêneros alimentícios cresceram 93,39% no mês. "Algumas commodities produzidas pelo Paraná estão sendo bastante vendidas para o exterior. É o caso do açúcar", explica Roberto Zúrcher, analista do Departamento Econômico, da Fiep. Neste caso, o Paraná saiu duplamente beneficiado, já que a produção de cana-de-açúcar para o refino de álcool fez subir 27,55% as exportações do setor químico. Oriente Médio e Rússia foram os principais compradores de álcool.

Ainda nos Produtos Alimentares, a proximidade do fim de ano elevou a demanda por aves, bastante consumidas nesta época. "No caso das aves, o Paraná é um grande exportador, e soube agregar valor aos seus produtos de tal forma que o câmbio não influencia tanto", diz Zürcher. O câmbio valorizado é um dos responsáveis pela queda nas exportações observada este ano, porque reduz a competitividade dos produtos brasileiros. A produção de frango também começa a se recuperar do tombo sofrido com as barreiras impostas à exportação, com as suspeitas de febre aftosa no Paraná, e com a queda do consumo mundial da carne – com os casos de gripe aviária na Europa e na Ásia, no início do ano.

Contribuiu ainda o setor de Materiais de Transportes, com aumento de exportações na ordem de 21,40%. Aparecem aí as vendas de carros para a Argentina e para os Estados Unidos, principalmente por conta do lançamento de novos modelos.

Apesar dos números vultosos, o Departamento Econômico da Fiep não projeta crescimento semelhante nos próximos meses. "Mesmo porque novembro e dezembro são meses de vacas magras para a indústria." A entidade sustenta que o forte aumento nas exportações não era esperado, e que só alguns setores devem continuar em alta. É o caso, por exemplo, dos automóveis.

Mesmo sem grandes expectativas, os números da indústria paranaense sinalizam que ela pode estar em recuperação. O uso da capacidade instalada no mês passado foi o melhor de toda a série histórica da pesquisa Indicadores Conjunturais, que teve início em 1996. Isso significa que as máquinas trabalharam a todo vapor para suprir a demanda de outubro, mas pode indicar também que a produção do mês passado foi voltada, também, para contratos de entrega em meses seguintes.

Além disso, o emprego industrial, que vinha em queda livre desde o segundo semestre de 2005, se reergueu e mostrou crescimento de 0,9% em outubro na comparação com outubro do ano passado. "Ninguém contrata para demitir no dia seguinte", avalia o economista da Fiep.

Por fim, há previsão de aumento na safra de grãos no início do ano. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), a safra 2006/2007 deve crescer 18% na comparação com a anterior, recuperando o patamar de produção agrícola considerado normal para o estado. "Se a safra for tão boa como estão dizendo, o início do ano vai ser melhor para a indústria." O reflexo é quase direto para um estado cuja economia está fortemente baseada no agronegócio.

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