Recuperação
Vendas de madeira sobem pelo terceiro ano seguido
A indústria madeireira do Paraná já teve dias melhores. Dez anos atrás, ocupava o segundo lugar nas exportações do estado, com 12% das receitas, atrás apenas da soja em grão; hoje, é apenas a oitava da lista, com 5%. Mas aos poucos ela se recupera do estrago causado pela crise imobiliária dos Estados Unidos, outrora destino mais importante de seus embarques. Em alta pelo terceiro ano seguido, as receitas de exportação de madeira compensada e serrada e outros derivados cresceram 10% no ano passado e somaram US$ 884 milhões, o melhor resultado desde 2007.
"As dificuldades do mercado interno, com demanda contida e acesso mais restrito ao crédito, levaram as empresas a elevar seu nível de internacionalização. O câmbio também ajudou, principalmente no segundo semestre", conta Paulo Roberto Pupo, superintendente-executivo da Abimci, representante dessa indústria.
Segundo ele, a perspectiva para 2015 é de manter o crescimento gradativo dos últimos anos. "O setor está conservador em termos de investimentos. A demanda norte-americana está se recuperando, mas ainda de modo muito superficial", diz.
A taxa de câmbio anima, mas também preocupa. "Os custos de insumos como resinas e a própria tora são dolarizados. Então a indústria já está pagando mais caro por eles. Se o dólar recuar na hora da venda, vai afetar as margens", diz.
A combinação de quebra na safra de grãos, recuo dos preços das commodities agrícolas e crise econômica na Argentina foi desastrosa para as exportações do Paraná. Em 2014, as empresas do estado faturaram US$ 16,3 bilhões com as vendas ao exterior, valor 10,5% inferior ao de 2013 e também o menor dos últimos quatro anos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
INFOGRÁFICO: Paraná perdeu quase R$ 2 bilhões em exportações em apenas um ano
Economistas acreditam que o comércio com outros países pode reagir em 2015, graças à desvalorização do real, que torna os produtos brasileiros mais competitivos. Mas não será fácil retornar aos níveis recordes de 2013, quando o Paraná exportou mais de US$ 18 bilhões.
A queda do ano passado foi disseminada: sete dos dez principais grupos de produtos da pauta paranaense tiveram exportações menores. Estão nessa lista produtos do complexo soja, açúcar e cereais, afetados em diferentes medidas por fatores como produção estadual mais baixa, excesso de oferta no mundo e redução das cotações internacionais. A esperada recuperação da safra tende a elevar os embarques de soja em 2015, e a alta da taxa de câmbio deve reforçar as margens de lucro dos produtores, uma vez que cada dólar exportado renderá mais reais. Mas, com a desvalorização das cotações, a chance de alta no faturamento em dólar será mais limitada.
O cenário é mais promissor para as carnes, segundo produto de exportação do estado, cujas vendas subiram 10% em 2014 e tendem a se manter firmes neste ano. "Há empresas investindo em aumento de produção, tanto de aves quanto de suínos. Como muitos dos custos são em reais, a desvalorização da moeda brasileira favorece muito esse ramo", diz o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Setor automotivo
Em 2014, o maior impacto para o resultado geral das exportações do Paraná veio da indústria automotiva, que perdeu US$ 743 milhões em receitas e amargou o pior resultado em dez anos. O setor até conseguiu vender mais veículos e autopeças para alguns países latino-americanos juntos, Colômbia, México, Uruguai, Bolívia e Paraguai aumentaram suas compras em 21%. Nada, no entanto, que pudesse compensar o tombo de 55% nas vendas para a Argentina.
A dificuldade desse setor em abrir outros mercados vai mantê-lo refém da delicada situação do país vizinho, avalia Zurcher. "E não há sinais de melhora vindos de lá", diz. Segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a queda das cotações internacionais das commodities é outro obstáculo para as vendas de veículos e demais industrializados à Argentina e outros países do continente. "Nossos vizinhos exportam commodities. Com receita menor, serão obrigados a importar menos", explica.
Reconquista difícil
A AEB projeta uma leve alta para as exportações brasileiras de automóveis e autopeças, bem como de manufaturados em geral, basicamente por causa da alta do dólar. "Mas o impacto positivo do câmbio será limitado, seja porque nossos principais mercados terão menor poder de importação, seja porque a queda nas vendas de manufaturados desde 2008 nos afastou dos Estados Unidos e da Europa", explica. "Demandará tempo para reconquistarmos esses mercados."
No vermelho
Além de vender menos para outros países, o Paraná também comprou menos do exterior em 2014 as importações recuaram 10,6%, segundo o MDIC. O saldo da balança estadual melhorou um pouco, mas continuou negativo, pelo quarto ano seguido. Isso pode mudar em 2015, com a forte queda do preço do petróleo, produto mais importado pelo estado.
Marcha à ré
Nenhuma das grandes empresas do polo automotivo paranaense saiu ilesa em 2014. A retração das exportações afetou companhias como Renault, cujas exportações caíram 45% até novembro, Volvo (-18%), Bosch (-15%) e CNH (-8%). As vendas da Volkswagen caíram 63%, empurrando a montadora, que já foi a maior exportadora do estado, para a 29ª posição .
Três quedas
Em 2014, as exportações de todo o Brasil recuaram 7%, para US$ 225,1 bilhões, completando três anos em queda. Além disso, o saldo comercial negativo pela primeira vez desde 2000 foi pior em 16 anos. Para 2015, a AEB projeta uma nova queda nas exportações (-4,3%), mas uma retração mais forte das importações (-9,8%), levando a balança de volta para o azul.
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