O resultado da balança comercial brasileira em outubro mostra os primeiros efeitos da crise internacional. As exportações dão sinais de que estão crescendo de forma mais lenta, enquanto a queda no superávit está mais acentuada. Além disso, houve uma retração nas vendas de alguns setores para destinos importantes. Os embarques para os Estados Unidos, por exemplo, caíram 24,3% de setembro para outubro e apresentaram retração de 0,5% na comparação com o mesmo mês de 2007.
No mês passado, as exportações brasileiras foram de US$ 18,5 bilhões, 17% acima do registrado em outubro de 2007. Apesar de ainda ser expressiva, a expansão está bastante abaixo do crescimento de 27% acumulado nos primeiros dez meses do ano, quando os embarques antingiram US$ 170 bilhões. Essa desaceleração deve se cristalizar nos próximos meses, pois os principais destinos dos embarques brasileiros estão com problemas econômicos. Além da queda no comércio com os EUA, entre setembro e outubro houve retração nas vendas para o México (-32%), Rússia (-35%) e Alemanha (-20%).
Produtos básicos
Além disso, a queda nos preços de alguns produtos que o Brasil exporta, como grãos, minerais e siderúrgicos, aos poucos se transformará em faturamento menor. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, a desaceleração da demanda teve efeito maior sobre as exportações do que o recuo no preço dos produtos básicos vendidos pelo Brasil. Apenas no caso do alumínio foi verificada queda de 9% nos preços em relação a setembro, associada a uma redução de 20% na demanda. No caso da carne suína e do minério de ferro, o recuo de preços foi de 3,6% e 2%, respectivamente. Já a demanda caiu cerca de 10% em ambos os casos.
O analista Gustavo Machado, diretor da consultoria GT International, chama a atenção para o fato de que o saldo da balança comercial caiu 65% em outubro, quando comparado ao mesmo mês de 2007. "O saldo vinha caindo, mas esse processo pode ter se acelerado", avalia. No ano o saldo acumulado é de US$ 20 bilhões, 40% abaixo do que em 2007. Segundo ele, ainda é preciso esperar mais algumas semanas para confirmar o tamanho do impacto da crise sobre o comércio exterior. "Depois do Natal ficará mais claro quanto os pedidos diminuíram."
Apesar da disparada do dólar, as importações continuam crescendo rapidamente. No mês passado, o Brasil comprou US$ 17,3 bilhões, 40% a mais do que em outubro de 2007. A expansão é um pouco menor do que a acumulada nos primeiros dez meses do ano, de 50%.