A Federal Aviation Administration (FAA), equivalente à Anac brasileira, disse à agência de notícias Reuters na quarta-feira (26) que identificou um "novo potencial risco" no jato 737 Max da fabricante Boeing. Segundo fontes da agência, a falha foi encontradas em testes com simulador na semana passada. Por isso, o voo de certificação da aeronave marcado para o próximo dia 8, após correções relacionadas às falhas já identificadas e relacionadas aos dois acidentes aéreos recentes com o modelo, não vai mais ocorrer.
A FAA deve passar mais semanas revendo todos os resultados relacionados à aeronave da Boeing para decidir, novamente, se ela poderá voar ou não. Nesta quinta-feira (27), em razão das informações da FAA, as ações da Boeing começaram o dia em baixa e caíam 2,73% ao meio-dia, para R$ 364,71, na Bolsa de Nova York.
A FAA descobriu, em testes no simulador, que o processamento de dados por um computador de voo no avião poderia fazer com que a aeronave mergulhasse de uma maneira de difícil recuperação para os pilotos.
O novo risco não tem a ver com o MCAS (Manofarring Characteristics Augmentation System), diretamente ligado às investigações dos dois acidentes recentes, mas poderia produzir um mergulho "não comandado" semelhante ao que ocorreu nas colisões.
No caso dos acidentes, a queda teria ocorrido após leituras inconsistentes de um dos sensores de ângulo de ataque da aeronave ter acionado o software de segurança, que acabou jogando o nariz do avião para baixo antes que os pilotos pudessem fazer qualquer coisa.
Ainda em abril, a própria Boeing admitiu que o modelo deveria ter um alerta padrão nas cabines que avisaria os pilotos quando sensores no lado de fora da aeronave estivessem lendo dados incongruentes. O problema é que esse alerta, embora planejado para ser um sistema padrão para todos os 737 Max não estava "operacional" em todos os aviões porque o recurso não havia sido "ativado", de fábrica, para isso.
David Learmount, consultor de segurança em aviação da Flight Global e ex-piloto da Royal Air Force, disse que embora os detalhes sobre o novo risco sejam vagos, o fato pode, realmente, atrasar o retorno do Max aos céus. "A implicação é que este é um software diferente em um computador de controle diferente que apresenta sintomas semelhantes", disse ele. "Quando você controla uma aeronave com computadores, que é o que fazemos agora, você sempre tem potencial para problemas."
De outro lado, o Bank of America Merrill Lynch, manteve suas previsões de a volta da operação das aeronaves da Boeing ocorrerá com atraso de seis a nove meses. "Dado que a FAA está revisando um complexo sistema de software / hardware de maneira minuciosa, esperamos ver algumas idas e vindas antes que um pacote final de software / hardware seja determinado", disse o analista Ronald Epstein em nota aos clientes.
De fato, ainda neste mês, um alto funcionário da FAA tinha dito que os Boeing 737 Max, no chão desde março, voltariam a operar até dezembro, o que daria os nove meses previstos pelo Bank of America Merrill Lynch.
IATA pede esforço coordenado para colocar 737 Max no ar
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) pediu que as autoridades de segurança da aviação continuem seus esforços para atender aos requisitos de validação técnica e aos prazos para a colocar as aeronaves Boeing 737 Max novamente em operação. O anúncio foi feito na conclusão da segunda Cúpula Boeing 737 Max, organizada pela IATA, segundo nota da entidade enviada à imprensa.
"As tragédias com o Boeing 737 Max pesam fortemente neste setor que considera a segurança sua principal prioridade. Confiamos na Federal Aviation Administration (FAA), em sua função de órgão regulador da aviação civil, para garantir o retorno seguro da aeronave. E respeitamos a decisão independente dos órgãos reguladores do mundo todo sobre as recomendações da FAA ", disse Alexandre de Juniac, Diretor Geral e CEO da IATA.
"Ao mesmo tempo, a aviação é um sistema globalmente integrado que se baseia em padrões globais, incluindo reconhecimento mútuo, confiança e reciprocidade entre os órgãos reguladores de segurança. Esta estrutura harmonizada tem funcionado com sucesso há décadas, ajudando a tornar o transporte aéreo a forma mais segura de viagens de longa distância. A aviação não pode funcionar de forma eficiente sem esse esforço coordenado, que é necessário para restaurar a confiança do público", disse Alexandre de Juniac.
A IATA reiterou a necessidade de atender a requisitos adicionais de treinamento para a tripulação do Boeing 737 Max.