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Setor automotivo

Fábrica de Campo Largo renasce com “motor verde e amarelo”

Unidade da FPT Powertrain Technologies, em Campo Largo: estrutura já abrigou a antiga fábrica de motores Tritec, que encerrou as atividades há três anos | Divulgação
Unidade da FPT Powertrain Technologies, em Campo Largo: estrutura já abrigou a antiga fábrica de motores Tritec, que encerrou as atividades há três anos (Foto: Divulgação)

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Agora controlada pela FPT Powertrain Technologies, a fábrica que será formalmente reinaugurada hoje em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba) produz, desde fevereiro, motores bem mais "brasileiros" que os herdados da extinta Tritec Motors, empresa que encerrou as atividades há três anos. Desenvolvida no Brasil por um grupo de cem engenheiros, a família de cinco propulsores batizada de "E.torQ" tem 91% de seus componentes fabricados no país, frente aos 70% do motor que era fabricado pela Tritec. No ano que vem, esse índice de nacionalização chegará a 95%."Esse é um motor verde e amarelo, desenvolvido por paranaenses, mineiros e italianos", define Franco Ciranni, superintendente para o Mercosul da FPT, multinacional que pertence ao grupo Fiat e que tem sua principal fábrica brasileira em Betim (MG). "É a realização do sonho de um grupo de empregados de Campo Largo que tiveram a vida paralisada enquanto esperavam por um rumo para a fábrica, e do sonho de um grupo de engenheiros do qual a FPT tem grande orgulho. Em dois anos, eles fizeram, na fábrica e no produto, um trabalho maravilhoso que reafirma o Brasil como centro de nossa estratégia mundial."

O último lote de motores da Tritec – joint-venture formada no fim dos anos 1990 pela alemã BMW e pela norte-americana Chrysler – foi produzido em junho de 2007. A transformação na fábrica começou a partir de março do ano seguinte, quando a FPT assumiu o negócio. A nova proprietária manteve aproximadamente cem funcionários da antiga empresa, entre engenheiros, gerentes e operadores de produção, que, junto com o pessoal da FPT de Betim e da Itália, passaram dois anos desenvolvendo a nova família de produtos e modernizando as linhas de produção em Campo Largo, num processo que consumiu investimentos de R$ 250 milhões.

"Nesse trabalho, que começou sobre a forte base tecnológica do motor Tritec, passamos os primeiros seis meses calculando e modelando o novo motor em computador. Fizemos tudo o que pode ser feito em termos de simulação de desempenho, consumo e durabilidade. Depois passamos às fases de construção de protótipos e aos testes", explica o diretor de engenharia de produto da FPT, João Irineu Medeiros. Segundo a companhia, a família E.torQ, "70% nova" em comparação à base herdada da Tritec, é resultado de 500 mil horas de desenvolvimento e 5 milhões de quilômetros rodados em testes, processo no qual foram usados 1,2 mil motores de pré-série e protótipos.

Fornecedores

Com 300 funcionários e objetivo de contratar mais 100 nos próximos meses, a empresa planeja elevar a produção diária de 350 para 800 motores até dezembro. Em quatro anos, a capacidade instalada passará de 330 mil para 400 mil propulsores por ano. Ao longo desse período, a companhia espera atrair para seu entorno um parque de fornecedores, ao estilo do que existe hoje em Betim (MG).

"O Paraná já tem um parque automotivo muito sólido, bastante avançado. Nosso objetivo é, gradativamente, contribuir para seu crescimento, tentando trazer fornecedores que hoje são de outras regiões do país. É um trabalho que será feito aos poucos, de modo proporcional ao crescimento dos volumes produzidos", explica Ciranni. "Essa fábrica nunca produziu mais de 200 mil motores por ano, e essa marca vamos alcançar já em 2011, passando numa segunda etapa a 330 mil e, depois, a 400 mil. Naturalmente, os fornecedores verão que é interessante se incorporar a essa oportunidade."

O diretor industrial da fábrica, Marcelo Reis, conta que, enquanto a formação de um complexo de fornecedores de peças e componentes deve ser gradativa, o parque de fornecedores de materiais e serviços "indiretos" já está formado e em funcionamento. "São empresas que fornecem refeições, uniformes, equipamentos de segurança, transporte e outros. Até o fim do ano, a FPT terá gerado 1,5 mil empregos indiretos com a contratação dessas empresas."

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