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Os irmãos Bruno e Guilherme Gusi querem fugir da concorrência com as grandes empresas | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Os irmãos Bruno e Guilherme Gusi querem fugir da concorrência com as grandes empresas| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Preço baixo

Os modelos da Ciclég têm duas peças exclusivas: o quadro rebaixado (eixo que liga as duas rodas) e o tapa-corrente. Ambos são de aço e foram desenvolvidos por Bruno Gusi, o ciclista da dupla – ele pedala diariamente 30 quilômetros para ir e voltar de Curitiba a Pinhais. Um diferencial da marca são os preços, que vão de R$ 555 a R$ 890, mais frete (para fora do Paraná). Marcas concorrentes chegam a vender bicicletas urbanas por até R$ 3 mil. A explicação é que as bicicletas caras usam materiais mais leves, como o alumínio, que ainda não entrou no processo da Ciclég porque exige compras em grande escala.

Um irmão é engenheiro, o outro, advogado, mas ambos lidam desde junho com as manchas de graxa nas mãos. Foi nessa época que Bruno e Guilherme Elache Gusi tiraram do papel o plano antigo de montar uma fábrica de bicicletas para serem usadas no dia a dia. A marca Ciclég nasceu em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, com a intenção de fabricar e vender em grande escala bikes simples, voltadas para transportar pessoas até o trabalho. A estratégia mudou após o mercado pedir outro tipo de bicicleta: as customizadas, com design retrô, cores e acessórios à escolha do freguês.

A atual best seller da marca é um modelo com pintura bege, três marchas e pneu com faixa branca, parecida com as que circulavam no Brasil nos anos 1950. O vereador Bruno Pessuti (PSC) pedala por Curitiba com uma bike assim, mas azul pastel. A marca hoje oferece quatro modelos e, em breve, um quinto deve ser incluído no portifólio: bikes de carga personalizadas para atender a empresas. A meta é concluir 2014 com cerca de cem vendas mensais.

Os irmãos foram convencidos a mudar o produto depois de verificar a realidade do ramo no país. Com a problemática da mobilidade urbana em alta, o setor está em franca expansão, mas tem entraves. A indústria nacional passa por reformulação forçada pela concorrência com pequenos fabricantes e marcas estrangeiras, fora o peso das alíquotas para importar peças. Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas e Bicicletas (Abraciclo), a produção anual das suas associadas (Caloi e Prince Bike) caiu de 5,3 milhões de unidades para 4 milhões entre 2008 e 2013. A Abraciclo avalia que o mercado mostra estabilidade e diz não ter dados sobre vendas.

Outra entidade, a Asso­­ciação Brasileira da Indústria e Comércio de Bicicletas (Abradibi), calcula que bicicletarias (bike shops) e pequenas e médias montadoras já respondem por 45% das vendas feitas no país, contra 50% das grandes marcas. O quadro coincide com a decisão dos empreendedores da Ciclég. "Vimos que não poderíamos competir com os grandes", explica Guilherme, advogado de 28 anos.

Para criar a marca, os irmãos começaram a juntar dinheiro há cerca de cinco anos. Ansioso para começar, o engenheiro Bruno, de 31 anos, deixou o seu emprego na montadora Renault no início de 2012 e criou um protótipo inspirado nas bicicletas urbanas de Amsterdã e de Paris. Montaram 30 unidades e venderam todas.

Venda online

A fábrica pretende em breve contratar funcionários para aumentar a produção. Cada bike hoje exige cerca de 32 horas de montagem. Outra discussão é sobre como baixar o frete para o resto do país até o início das vendas diretas on-line, em abril – um problema para todas as marcas. "Mandamos a bike 80% montada, mas estamos analisando reduzir o porcentual para baixar o frete", diz Guilherme. A intenção da dupla é aprimorar os modelos e estudar com afinco produtos que vão bem em vendas, como as bicicletas dobráveis e as elétricas.

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