Stéphane Grande, diretor geral da NTN-SNR: formar fornecedores locais é um dos maiores desafios daqui para frente| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A NTN-SNR conclui neste ano um pacote de investimentos de R$ 45 milhões em sua fábrica de rolamentos automotivos, que fica em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. O dinheiro está sendo usado na ampliação da área fabril, na construção de um galpão logístico e na montagem e expansão de uma linha de rolamentos de terceira geração – a primeira do gênero na América do Sul.

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Dona de pouco menos de 20% do mercado brasileiro, a multinacional nipo-francesa quer alcançar nos próximos anos uma fatia de 25%, equivalente à sua participação nas vendas globais de de rolamentos para veículos.

Os resultados recentes sustentam essa ambição. O faturamento da NTN-SNR subiu 70% entre 2009 e 2012, intervalo em que a produção nacional de automóveis aumentou somente 8,5%. Em 2013, a empresa espera crescer cerca de 20%.

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Do pacote anunciado no fim de 2010, R$ 30 milhões já foram aplicados e os R$ 15 milhões restantes estão sendo investidos neste ano. A capacidade de produção da fábrica, antes em 2,2 milhões de rolamentos por ano, chegou a 4 milhões de unidades, das quais 500 mil de terceira geração – como a nova linha ainda crescerá mais um pouco, até dezembro a capacidade total da unidade chegará a 4,5 milhões de rolamentos. Ao fim das obras, o número de funcionários terá crescido 25% em relação a 2010. Hoje 160 pessoas trabalham na fábrica.

Terceira geração

Iniciada em junho do ano passado, a produção de rolamentos "3G" ajudou a NTN-SNR a contornar a estagnação da indústria de automóveis. "O setor andou de lado, mas conseguimos crescer por causa do novo produto e dos clientes que conquistamos com ele", conta Stéphane Grande, diretor geral da empresa.

Até então fora do port-fólio da NTN-SNR, Ford e Toyota foram as primeiras montadoras a comprar o rolamento de terceira geração feito em Fazenda Rio Grande. Mais sofisticado que os equipamentos de primeira e segunda geração, o 3G já sai de fábrica integrado ao cubo de roda (peça que liga a roda ao semieixo do veículo) – os rolamentos convencionais têm de ser "prensados" ao cubo mais tarde, em geral na própria montadora.

"Em comparação aos conjuntos convencionais, o rolamento de terceira geração é mais simples, leve e confiável", explica Grande. Se necessário, a peça agrega outras funções. Pode, por exemplo, embutir um encoder magnético, que emite sinais contínuos sobre a rotação da roda para o sistema de freios ABS. "Com a obrigatoriedade do ABS a partir de 2014, nosso produto tem um grande potencial", diz o executivo.

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Um dos desafios, segundo Grande, é desenvolver fornecedores locais – o índice de conteúdo nacional nos rolamentos feitos pela NTN-SNR é de apenas 20%. "Não é simples, se levarmos em conta fatores como o ‘custo Brasil’. Mas vamos buscar esse desenvolvimento."

Ontem e hoje

A SNR veio para o Brasil em 2000, acompanhando sua então controladora, a Renault. No início, tinha como clientes a própria Renault e a também francesa PSA Peugeot Citroën. Hoje, atende à maioria das montadoras, diretamente ou via "sistemistas" – empresas que montam conjuntos de peças. Integrada em 2007 ao grupo japonês NTN, a companhia já não tem ligações com a Renault. Além da fábrica de Fazenda Rio Grande, a NTN-SNR tem uma unidade em Guarulhos (SP), adquirida em 2011, onde produz rolamentos industriais e juntas de transmissão para veículos.