Redes sociais são perda de tempo

Os jovens estão aderindo à moda, então deve valer a pena. "Entre já no Facebook!", dizem eles. Ali, você coloca uma foto com sua carinha – ou não – e então outras pessoas que já se afiliaram ao site podem lhe chamar de "amigo". O Facebook lhe mandará um e-mail para ver se eles são realmente seus amigos. Dependendo do seu estado de humor, você pode aceitar ou rejeitar estas tentativas de companheirismo. Antes da sua aceitação, a pessoa pode mandar uma mensagem como um sinal de boa-vontade e vocês irão conversar (via chat) longamente. Pelo menos até você perceber que já tem o e-mail do sujeito!

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Popularidade

1 milhão de cadastros foram registrados pelo Facebook em uma única semana. Hoje, o portal de relacionamento possui 29 milhões de usuários, o que o deixa atrás apenas do MySpace entre as grandes redes sociais. O Orkut tem 50 milhões de perfis, mas mais da metade falsos ou inativos.

Quando a febre das redes sociais parece estar arrefecendo, surge um novo endereço da espécie capaz de atrair milhões de usuários, todos ávidos por montar perfis e estabelecer uma nova maneira de contato com amigos e conhecidos. A bola da vez se chama Facebook (www.facebook.com), serviço que estreou em câmpus de universidades norte-americanas, espraiou-se pelo universo virtual e hoje é a segunda maior comunidade on-line do planeta. Não, a primeira colocada não é o Orkut – mania genuinamente brasileira – e sim o MySpace, que ganhou fama ao apresentar ao mundo uma série de novos artistas (da banda curitibana de funk carioca Bonde do Rolê à popstar britânica Lily Allen).

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A popularidade do Facebook disparou nas últimas semanas, gerando uma pequena reação adversa entre os jovens que consideram "esquisita" a afluência de tantos adultos ao site. "O iPhone, da Apple, pode ser uma grande notícia, mas no Vale do Silício todo mundo está de olho no Facebook. O clube privado on-line para usuários de todas as idades se tornou agora a empresa que mais desperta atenção no setor de tecnologia", sentenciou a especialista em redes sociais Danah Boyd em artigo publicado há poucas semanas, quando a histeria em torno do telefone celular da Apple atingia seu pico.

A companhia, fundada em 2004 pelo estudante de Harvard Mark Zuckerberg como um portal para alunos da universidade, obteve uma disparada no número de assinantes ao permitir que centenas de produtores independentes de software criassem programas para o site. A influência da iniciativa é tão forte que analistas de venture capital e private equity – fundos para empreendimentos de risco que financiam 10 entre 10 novas empresas da web – passaram a questionar executivos a respeito de sua "estratégia Facebook".

Marc Andreessen, co-fundador da Netscape, escreveu em seu blog que o Facebook comprova o sucesso comercial da Web 2.0, o conceito que prevê uma internet cada vez mais colaborativa e que deu origem a ferramentas como a Wikipedia, o Second Life e o Flickr. A mais recente empresa de Andreessen, a Ning (www.ning.com), está ajudando usuários a desenvolver softwares simples que possam ser facilmente adaptados no Facebook.

"Não ignore o que está acontecendo no Facebook. A empresa está conquistando um lugar amplo no mercado", afirmou Robert Scoble, responsável por um popular blog sobre tecnologia. O Brasil, ainda hipnotizado pelo Orkut, faz exatamente o contrário e solenemente ignora a nova comunidade. De acordo com dados do próprio Facebook, cerca de 10 mil brasileiros usam o serviço – quase nada comparado a dezenas de milhões de perfis nacionais na comunidade mantida pelo Google.

O que é

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O Facebook começou oferecendo simples páginas para perfis nas quais usuários poderiam manter dados pessoais atualizados e estabelecer conexões com amigos. Desde maio, entretanto, o portal passou a prover formas de enriquecer as páginas pessoais com um menu que já inclui 1,6 mil aplicativos, de horóscopos virtuais a players de música e vídeo.

São essas características que, segundo o analista de relações internacionais Daniel Maurício Dall’Agnol, 25 anos, tornam o Facebook mais atraente diante de similares. "O Orkut é prático, mas o Facebook te entretém mais", conta. "Entrei no Facebook há uns quatro meses, por indicação de uma amiga norte-americana", relata Dall’Agnol, enfatizando que a ferramenta serve para manter contato com ex-colegas do intercâmbio que fez na Bélgica e do mestrado na Turquia.

Os programas desenhados especificamente para as páginas do Facebook permitem que o usuário recomende uma lista de músicas, insira uma resenha de livro da Amazon.com, mantenha um canto da página com previsões do tempo, faça quizzes sobre Harry Potter, jogue com amigos on-line ou participe de ações sociais, como uma campanha de arrecadação de roupas ou alimentos – tudo isso sem deixar o portal. O paranaense Dall’Agnol, por exemplo, deixa um "travel map" no seu perfil para que as pessoas vejam, em um mapa-múndi, os países que ele já visitou.

Mesmo com tantos atrativos, o site não está livre de críticas. Além daqueles que simplesmente se opõem a redes sociais, argumentando que são meras vitrines virtuais e frutos do egocentrismo existem outros questionamentos que o atingem. O blogueiro Jason Kottke publicou um post devastador em que compara o Facebook à America Online (AOL). "O Facebook é um jardim privativo. Nele, é preciso obedecer a regras e imposições para contatar usuários", ataca. "Ele liberou uma interface de programação para que seus aplicativos fossem desenvolvidos, é verdade", emenda, "mas não precisamos de mais um monte de plataformas proprietárias para desenvolvimento de softwares e soluções para a web. Uma única plataforma que todos possam usar é muito mais interessante. Por sinal, ela já existe e se chama internet", conclui ironicamente.

Elitismo é outro defeito apontado com freqüência. "Os soldados estão no MySpace, os oficiais se mudaram para o Facebook", afirma a especialista Danah Boyd. Nada, entretanto, que impeça seu sucesso. O número de assinantes explodiu para mais de 29 milhões, com 1 milhão de adesões em apenas na semana retrasada e 6 milhões nos últimos 2 meses.

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